O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quarta-feira (7) um decreto que aumenta as tarifas de importação em 25% sobre produtos provenientes da Índia, elevando a sobretaxa contra o país para 50%, igualando-se à tarifa aplicada ao Brasil. A medida ocorre em um momento de tensões comerciais e diplomáticas, após negociações frustradas na semana passada relacionadas à guerra na Ucrânia.
Reação de Trump às relações comerciais e questões geopolíticas
O decreto foi divulgado horas depois de negociações entre os EUA e a Rússia não resultarem em avanços na crise ucraniana. Trump justificou a sobretaxa adicional por compras de petróleo da Rússia por parte de países aliados ao Kremlin, como Índia e China, o que, na sua visão, financia o esforço de Vladimir Putin na Ucrânia. “Se outros países continuam a importar petróleo russo, eles podem sofrer tarifas adicionais”, afirmou Trump em comunicado oficial.
Tarifas aplicadas à Índia, Brasil e possíveis punições
Além da Índia, o Brasil também está na mira de Trump, que já havia estabelecido uma taxa de 10% para exportações brasileiras. Agora, o país enfrenta uma sobretaxa de 50%, sob a alegação de perseguição do Judiciário brasileiro contra ex-integrantes do governo Bolsonaro e ações contra as big techs americanas. Segundo fontes do governo americano, uma investigação está em andamento para identificar práticas comerciais desleais do Brasil.
O decreto deixa espaço para que Trump puna outras nações que mantenham relações comerciais com a Rússia na área de energia. Um trecho do documento alerta que qualquer país que importe petróleo russo, direta ou indiretamente, pode ser alvo de tarifas adicionais de até 25%, dependendo de recomendações do Secretário de Comércio e do Secretário de Estado dos EUA.
EUA têm superávit comercial com Índia e preocupações sobre energia
Enquanto o Brasil é deficitário, a relação comercial entre Índia e EUA é favorável ao país asiático, que apresentou um superávit de US$ 45,7 bilhões em 2024. O governo norte-americano apontou que a Índia importa petróleo da Rússia, fato que motivou a imposição da tarifa adicional de 25% sobre os produtos indianos, a ser aplicada a partir de 28 dias após a assinatura do decreto.
Na mesma linha, Trump criticou a participação da Índia no Brics, ao afirmar que o país “reforça a máquina de guerra comprando energia russa”. Além disso, o presidente dos EUA anunciou que poderá aplicar tarifas semelhantes a outros países que tenham relações comerciais de energia com Moscou, incluindo o Brasil, que atualmente depende de petróleo russo para 60% de seu diesel e abastece 30% de sua demanda com importados.
Uso político das tarifas e contexto internacional
Trump declarou que a medida também é uma resposta a fatores políticos, como o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no STF e ações judiciais contra big techs brasileiras, consideradas por ele como violações à liberdade de expressão. “Tenho certeza de que esses fatores influenciaram a decisão de impor tarifas ao Brasil”, afirmou um analista ouvido por fontes internacionais.
O anúncio das tarifas ocorre enquanto o governo russo afirma que suas negociações com Washington sobre uma trégua na Ucrânia foram apenas troca de “sinais”. O vice-assessor de política externa do Kremlin, Yuri Ushakov, afirmou que Moscou aguardará o retorno do enviado dos EUA, Steve Witkoff, antes de comentar possíveis medidas futuras.
Impacto e perspectivas futuras
Especialistas alertam que as sanções secundárias, ameaçadas por Trump, podem afetar a economia global, especialmente o mercado de energia e commodities. O governo americano também avalia aplicar tarifas a outros países que mantenham relações comerciais com Rússia, o que pode abrir novos focos de tensão diplomaticamente.
Conforme o cenário internacional evolui, será fundamental acompanhar as próximas ações de Washington e os desdobramentos na economia mundial, especialmente no contexto de sanções e contramedidas mútuas entre potências.