Brasil, 13 de agosto de 2025
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Tarifas de 50% nos produtos brasileiros: o que esperar?

Com a imposição da tarifa americana, Brasil se prepara para medidas de contenção.

Na quarta-feira, 6 de agosto, entraram em vigor as sobretaxas de 50% em exportações brasileiras, introduzidas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A medida, que impacta produtos cruciais para a balança comercial entre os dois países, como carne e café, preocupa diversas esferas da economia brasileira. Frente a essa nova realidade, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com integrantes de seu governo na noite anterior para ajustar um plano de socorro ao setor produtivo afetado.

Entendendo o tarifaço de Trump

No dia 31 de julho, o presidente Trump assinou uma ordem executiva que oficializou a tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras. Essa taxa é resultado da soma de uma alíquota de 10% já anunciada em abril e mais 40% adicionais divulgados no início de agosto. Embora a medida afete fortemente algumas indústrias, cerca de 700 produtos ficaram isentos da nova taxa, incluindo itens como suco de laranja, aeronaves, castanhas, petróleo e minérios de ferro, que continuarão a pagar apenas a taxa de 10%.

O impacto esperado das tarifas é significativo, considerando que as exportações brasileiras para os EUA representam 12% da balança comercial nacional, com 4% sendo diretamente afetados pelas novas taxas. Essa situação gera desafios, principalmente para setores específicos que não têm facilidades para redirecionar suas vendas a outros mercados.

Plano de contingência do governo brasileiro

Após a implementação da tarifa, o governo brasileiro começou a traçar medidas de contenção. O plano de socorro elaborado por Lula e sua equipe terá um foco especial na preservação de empregos. Entre as propostas, estão:

  • Linhas de crédito: O governo federal planeja oferecer linhas de crédito semelhantes às aplicadas após desastres naturais, visando apoiar pequenos produtores.
  • Compras governamentais: Há propostas para que governos locais comprem produtos, como o pescado do Ceará, que perderão mercado nos EUA. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, indicou que existe espaço orçamentário para essa medida.
  • Reativação do Programa Seguro-Emprego: Esse programa permite uma redução de jornada e salários de até 30% em empresas em dificuldades financeiras, uma estratégia que já foi utilizada durante a pandemia.
  • Ampliação do Reintegra: O governo pretende fortalecer este programa, que ajuda pequenas empresas exportadoras a recuperar parte dos tributos pagos ao longo da cadeia produtiva.

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, mencionou também a proposição de alongamento de prazos de pagamento e subsídios temporários, que ainda estão sendo analisados pelo governo. Ela ressaltou que muitas dessas medidas dependem da autonomia dos bancos públicos, como o BNDES e o Banco do Brasil.

Negociações com os EUA

Em meio ao desenvolvimento desse plano de contingência, o governo brasileiro não pretende desistir de dialogar com os Estados Unidos. Fernando Haddad enfatizou que o Brasil permanecerá na mesa de negociações, mesmo sem um acordo formal até o momento. Ele se reunirá de forma remota com Scott Bessent, secretário do Tesouro americano.

Além disso, o Brasil deverá recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC), como revelou o vice-presidente Geraldo Alckmin, que afirmou que a decisão de acionar a entidade será tomada diretamente pelo presidente Lula.

Reações do setor econômico

Economistas como Roberto Simioni, da Blue3 Investimentos, destacam a necessidade de uma resposta multifacetada por parte do governo brasileiro. A estratégia deve incluir não apenas a implementação de políticas públicas para mitigar o impacto das tarifas, mas também a busca por novos mercados e parcerias comerciais, diversificando assim as exportações brasileiras e minimizando a dependência do mercado americano.

A nova realidade imposta pela tarifa precisa ser enfrentada com estratégias que incentivem a inovação e a competitividade dos produtos brasileiros, tornando-os menos vulneráveis a oscilações no mercado internacional.

A atenção crescente do governo e a mobilização imediata para mitigar os efeitos da tarifa nos setores mais afetados demonstram um esforço para proteger a economia brasileira em um cenário desafiador. No entanto, o desfecho das negociações e a eficácia das medidas tomadas são questões que continuam no horizonte dos especialistas e cidadãos.

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