No início de julho, o projeto de lei que criaria o Dia da Cegonha Reborn no calendário oficial do Rio de Janeiro foi vetado pelo prefeito Eduardo Paes. Agora, o projeto também não foi aprovado na votação da Câmara de Vereadores, que ocorreu no dia 5 de agosto, selando o destino da proposta que já havia sido aprovada anteriormente.
Votação da Câmara e os motivos do veto
Na sessão que tentou reverter o veto do prefeito, foram contabilizados 14 votos a favor de manter o veto e 21 para derrubá-lo, totalizando 35 votos. Para que o projeto fosse aprovado, seria necessário o apoio de 26 vereadores. O autor da proposta, o vereador Vitor Hugo (MDB), justificava que a intenção da data era homenagear as artesãs responsáveis pela fabricação das bonecas hiper-realistas conhecidas como bebês reborn. Segundo o vereador, essas criações têm um impacto positivo na saúde mental de pessoas que enfrentam traumas emocionais.
O que são os bebês reborn?
Os bebês reborn são bonecas feitas artesanalmente que reproduzem traços de recém-nascidos com extrema fidelidade. Eles são produzidos por “cegonhas”, como são chamadas as artesãs nesse contexto, que utilizam técnicas especializadas para simular a vida nos detalhes destas bonecas. O vereador Vitor Hugo afirmou que o projeto visava reconhecer o trabalho das cegonhas, que dedicam suas habilidades para criar essas peças singulares.
No entanto, a decisão de Eduardo Paes gerou controvérsia. Ao vetar a proposta, o prefeito utilizou suas redes sociais para expor sua posição, afirmando: “Com todo respeito aos interessados, mas não dá.” Essa declaração reacendeu o debate sobre a relevância cultural e social da proposta, que englobava aspectos emocionais significativos.
A importância dos bebês reborn na saúde mental
O crescente interesse pelos bebês reborn tem gerado discussões sobre os benefícios psicológicos que essas bonecas podem oferecer, principalmente para adultos. Um estudo realizado pela Universidade de Toronto revelou que essa interação vai além de uma mera atividade lúdica, sendo profundamente conectada a necessidades emocionais e terapêuticas.
Pesquisadores destacam que a prática de brincar com bonecas hiper-realistas por adultos se relaciona com a necessidade de estabelecer vínculos emocionais e proporcionar uma forma de expressão criativa. Essa dinâmica pode oferecer um alívio para o estresse e auxiliar na superação de questões emocionais. A pesquisa sustenta que essa forma de interação pode servir como um método terapêutico para aqueles que buscam conforto emocional.
Controvérsias e reações
A proposta inicial do Dia da Cegonha Reborn e seu subsequente veto geraram reações diversas na sociedade. Muitos defensores da data argumentam que a criação de um dia oficial seria um reconhecimento do trabalho de artesãs e da importância das bonecas na vida de muitas pessoas. Outros, no entanto, veem a proposta como um desvio de foco das questões mais relevantes enfrentadas pela cidade.
O debate sobre a apropriação cultural, o impacto psicológico das bonecas e sua relação com o mercado de artesanato local colocam em evidência a necessidade de discussões mais amplas sobre a valorização de diferentes formas de arte e terapia nas políticas públicas. A rejeição do projeto pelo prefeito e pela Câmara pode ser um indicador da necessidade de um diálogo mais profundo sobre como a cultura e a arte são percebidas e apoiadas nas decisões governamentais.
Embora o Dia da Cegonha Reborn não tenha se concretizado, essa discussão poderá abrir espaço para novas reflexões sobre a importância do reconhecimento e da valorização de expressões artísticas alternativas, que atendem a necessidades emocionais de muitos cidadãos.
O futuro das propostas ligadas ao universo dos bebês reborn continua incerto, mas a crescente popularidade dessas bonecas sugere que a conversa está longe de terminar. Enquanto o público reflete sobre os desafios e as significâncias associadas a esse fenômeno, o que resta é a expectativa de um entendimento mais amplo sobre o tema.