A alta dos preços de hospedagem em Belém, capital do Pará, gerou preocupação entre os organizadores da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP 30). O embaixador André Corrêa do Lago, presidente do evento, expressou seu receio sobre uma possível diminuição na participação de representantes da sociedade civil e de nações mais pobres devido aos exorbitantes preços das acomodações. Durante uma audiência pública na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados, Corrêa do Lago destacou a importância da inclusividade neste encontro internacional, que ocorrerá em novembro.
Impacto dos altos preços de hospedagem
O embaixador mencionou que a elevação dos preços de hotéis é uma prática comum em grandes eventos, mas que em Belém, os valores notados são preocupantes. “As diárias chegam a ser dez a 15 vezes mais caras do que o normal”, afirmou. Esse fenômeno já foi observado por delegações de vários países, que questionaram o escritório da Organização das Nações Unidas para o Clima sobre a situação. A confirmação de que o presidente da Áustria, Alexander Van der Bellen, desistiu de participar do evento devido aos altos custos é um sinal do impacto que essa questão pode ter sobre a presença de países ricos e, especialmente, dos menos desenvolvidos.
A importância da participação inclusiva da sociedade civil
Corrêa do Lago deixou claro que a ausência de representantes de países em desenvolvimento poderia comprometer a legitimidade da conferência. Ele destacou que a presença da sociedade civil, acadêmicos e do setor privado é crucial. “Estamos buscando soluções legais para minimizar os preços, mas a legislação brasileira permite que os hotéis definam seus preços livremente”, disse. A tarefa de regular a situação foi atribuída à Secretaria Extraordinária da COP30 (Secop), que está em busca de iniciativas para garantir hospedagem acessível a todos os participantes.
Respostas do governo federal e medidas adotadas
No fim de semana passado, em uma visita à capital paraense, o ministro do Turismo, Celso Sabino, assegurou que o governo brasileiro está atuando para garantir preços justos para todas as delegações. Segundo ele, o diálogo com o setor hoteleiro já trouxe resultados positivos. A hospedagem a preços subsidiados para delegados de países em desenvolvimento tem sido uma prioridade. O plano de acomodação prevê 2,5 mil quartos individuais com tarifas que variam entre US$ 100 e US$ 600, dependendo da classificação dos países.
Ainda assim, Corrêa do Lago revelou que muitos desses delegados relatam que o valor oferecido é insuficiente para cobrir as altas tarifas, que em alguns casos, chegam a custar cerca de US$ 700 por noite durante a COP30. “Estamos lutando para que todos consigam participar”, garantiu o presidente da COP30.
Uma conferência com legado para Belém
O embaixador reafirmou a manutenção da conferência em Belém, ressaltando que essa decisão possui um simbolismo importante para a luta climática, sendo a Amazônia um tema central nas discussões globais. “Não há plano B, o plano B é B de Belém”, afirmou. Além das preocupações com a hospedagem, Corrêa do Lago mencionou os investimentos que estão sendo feitos pelo governo federal para aprimorar a infraestrutura e o saneamento na cidade, como um legado positivo da COP30.
Com uma expectativa de 45 mil participantes para a conferência, o aumento do número de leitos disponíveis em Belém se tornou uma prioridade. Entre as estratégias adotadas, estão a utilização de dois navios de cruzeiro como hotéis temporários, que contam com cerca de 3.900 cabines. Além disso, Belém receberá a construção de três novos hotéis de alto padrão e negociações com plataformas de hospedagem como Airbnb e Booking para ampliar a oferta de quartos.
Ainda assim, a constante elevação dos preços e a limitação de recursos para muitos delegados permanecem como desafios críticos para o sucesso da COP 30 em promover um diálogo global inclusivo e eficaz sobre as mudanças climáticas.