A Prefeitura do Rio de Janeiro apresentou uma proposta ousada que poderá transformar os corredores do BRT Transoeste e Transcarioca em sistemas de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) ou Veículo Leve sobre Pneus (VLP). A iniciativa, que foi enviada à Câmara de Vereadores, poderá envolver um investimento significativo de cerca de R$ 12 bilhões, conforme divulgado pelo prefeito Eduardo Paes (PSD). Este projeto ainda aguarda data para votação.
Uma nova era para o transporte público no Rio
O prefeito Eduardo Paes destacou que já existe um projeto básico em andamento, mencionando que a execução do mesmo ocorrerá por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP). “Isso vai ser feito numa PPP. O que estamos pedindo para a Câmara é autorização legislativa para isso. Vai ter que ter privado e uma cesta de recursos públicos. Ainda não há prazo definido”, afirmou Paes.
Ele também ressaltou que a “vltização” dos corredores é um compromisso da administração municipal e que a modelagem do sistema está em progresso, tendo sido embasada por estudos realizados com o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Benefícios dos novos modais
A proposta emergente consiste em três artigos e não fornece muitos detalhes sobre prazos ou custos. Contudo, o projeto é considerado sustentável e tem como objetivo aumentar a eficiência do transporte público na cidade. O VLT é capaz de transportar até quatro vezes mais passageiros do que um ônibus convencional, apresentando um custo de implantação que é metade do que seria necessário para uma linha de metrô. Por sua vez, o VLP, que também funcionaria de forma elétrica, utiliza pneus e baterias, eliminando a necessidade de trilhos.
Atualmente, os corredores Transoeste e Transcarioca atendem cerca de 530 mil passageiros diariamente, o que demonstra a necessidade de melhorias e eficiência no transporte público da cidade.
Visões diversas sobre o projeto
Embora a proposta tenha recebido apoio de alguns vereadores, há preocupações em relação à execução e à transparência do projeto. O vereador Pedro Duarte (Novo), membro da Comissão de Direitos Urbanos, expressou suas preocupações: “Expandir o VLT é positivo, pois são regiões que não eram atendidas por transporte público de média capacidade. Mas nos últimos anos já gastamos bilhões na recuperação do sistema BRT. Foram centenas de ônibus novos, estações reformadas. E agora vai trocar tudo? Isso precisa ser explicado com clareza”, disse.
Desde que a prefeitura assumiu a operação do BRT há quatro anos, quase R$ 9 bilhões foram investidos no sistema, contemplando a aquisição de mais de 700 ônibus, reformas de estações e a construção de terminais. Essa questão gera dúvidas sobre a viabilidade da mudança proposta.
Obstáculos e cautela na implementação
O especialista Marcus Quintella, diretor da FGV Transportes, também compartilha suas considerações sobre a transformação dos corredores, destacando a necessidade de cautela. “A obra é complexa e requer um projeto básico bem estruturado. Há mudanças significativas na infraestrutura, como os sistemas de energia elétrica, sinalização e os impactos durante as obras. É preciso comprovar a demanda e a viabilidade”, alertou.
Expansão e integração do VLT
Além da conversão dos corredores do BRT, o projeto pretende expandir a linha atual do VLT até o bairro de São Cristóvão, assegurando a integração ao trem e ao metrô. A ideia é criar uma rede de transporte mais coesa e eficiente, impulsionando a mobilidade urbana no Rio de Janeiro.
Com um valor estimado de R$ 12 bilhões, a proposta da Prefeitura do Rio é, sem dúvida, uma iniciativa ampla que merece atenção dos vereadores e da população. A necessidade de um sistema de transporte público mais eficiente é evidente, mas a atualização dos sistemas existentes deve ser abordada com responsabilidade e transparência em todos os seus aspectos.
