O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta quarta-feira (6) que irá conversar com os líderes da Índia, Narendra Modi, e da China, Xi Jiping, para discutir uma resposta coletiva do Brics às tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil. A medida de 50% sobre produtos brasileiros entrou em vigor nesta mesma data e gera preocupação no governo brasileiro.
Lula confirma diálogo com lideranças do Brics sobre tarifas de Trump
De acordo com Lula, a reunião visa avaliar a situação de cada país membro e planejar uma ação coordenada diante do tarifaço estadunidense. “Vou tentar fazer uma discussão com eles sobre como é que cada um está dentro da situação, qual é a implicação que tem em cada país, para a gente poder tomar uma decisão”, afirmou Lula. — Eu sou presidente dos Brics até dezembro e vou conversar com todas as pessoas, é da minha responsabilidade.
Tarifa de 50% atingiu produtos brasileiros e ganhou contexto internacional
O governo dos EUA detalhou que a tarifa de 50% inclui uma sobretaxa de 40% acrescida de uma anterior de 10%, e que quase 700 itens exportados pelo Brasil possuem exceções. Entre esses produtos estão aviões da Embraer, suco de laranja e minério de ferro, enquanto itens como café, carne e frutas não foram abrangidos pela sobretaxa.
Citações de Lula sobre o cenário global e negociações com os EUA
“O que o presidente Trump está fazendo é tácito, ele quer acabar com o multilateralismo, em que os acordos se dão coletivamente numa instituição, e quer criar o unilateralismo em que ele negocia sozinho com outro país”, destacou Lula, criticando as ações dos EUA. “Não tenho espaço para negociar diretamente com Trump, pois rejeito uma humilhação em uma conversa com o governo americano”, acrescentou.
O presidente também criticou a política de tarifas dos EUA, que elevou ao total de 50% as sobretaxas sobre produtos brasileiros, e afirmou que o Brasil continuará tentando negociações por meio do vice-presidente Geraldo Alckmin e do chanceler Mauro Vieira, priorizando o diálogo antes de cada medida mais drástica.
Posição do Brasil diante do conflito tarifário com os EUA
O governo brasileiro recorreu à Organização Mundial do Comércio (OMC) para contestar as tarifas de Trump, instaurando uma consulta com os americanos. Caso não haja acordo, o país solicitará a instalação de um painel de arbitragem. A iniciativa veio após a entrada em vigor, nesta quarta, de uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros destinados aos EUA, considerada uma violação às normas internacionais de comércio.
“Nós vamos aquilo que estiver no alcance da economia brasileira, mantendo a responsabilidade fiscal, mas faremos o que for necessário”, garantiu Lula. Ele também ressaltou que o Brasil não pretende responder às tarifas de forma recíproca, mantendo a prioridade na busca por negociações e entendimento com Washington.
Impactos econômicos e perspectivas futuras
O presidente reforçou que o governo trabalha em um plano de apoio às empresas afetadas pela tarifação, buscando preservar empregos e incentivar a exportação para outros mercados. “Estamos fazendo tudo com responsabilidade, mas temos certeza de que encontraremos uma solução”, afirmou Lula.
Além disso, Lula anunciou que enviará uma série de medidas ao Congresso para fortalecer a posição brasileira na disputa comercial, incluindo a redução de prazos de registro de patentes e negociações para garantir maior autonomia econômica diante de pressões externas, especialmente dos EUA.
Para o futuro, Lula indicou que o objetivo é fortalecer o bloco do Brics e ampliar a presença do Brasil no cenário mundial, buscando alternativas que preservem interesses nacionais frente às ameaças de tarifas e ações isolacionistas por parte do governo americano.
Fonte: O Globo