A recente declaração da ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, trouxe à tona a crescente tensão política no Brasil. Em meio aos protestos da oposição, que clamam pelo impedimento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ela enfatizou que o país não pode “carregar nas costas o peso” do antigo governo e nem “ficar refém” dele.
Contexto dos protestos da oposição
A crítica de Gleisi surge em resposta à obstrução total das pautas legislativas feita pelos parlamentares da oposição, que começou na última terça-feira (5/8). Esse movimento se intensificou após a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, de declarar a prisão domiciliar de Bolsonaro. As manifestações visam pressionar o Congresso Nacional, e os protestantes se revezam em ocupações nas casas legislativas, buscando barrar o avanço das pautas governamentais.
Gleisi compartilhou suas preocupações com o cenário atual em sua conta na rede social X, afirmando: “O povo brasileiro não pode carregar nas costas o peso de Jair Bolsonaro. […] Este país tem Constituição, leis, poderes independentes e um povo altivo. Não pode ficar refém de Bolsonaro”. Essa declaração ressalta o desejo da ministra de ver o Brasil avançando independentemente da controvérsia política que cerca o ex-presidente.
Impacto das obstruções nas pautas do governo
A ministra apontou que a obstrução realizada pelos apoiadores de Bolsonaro tem impedido a votação de medidas importantes voltadas para os trabalhadores e as famílias brasileiras. Dentre as pautas que estão travadas, Gleisi mencionou a proposta de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública e a isenção da conta de luz para quem consome até 80 kWh. “Essas são questões extremamente relevantes para a vida do cidadão”, argumentou.
Adicionalmente, Gleisi não hesitou em criticar as ações de Bolsonaro enquanto esteve no cargo. Segundo ela, o ex-presidente “conspirou” com os Estados Unidos, resultando na imposição de “pesadas taxas às exportações brasileiras”, o que, segundo a ministra, comprometeu empregos e a economia do país.
A ocupação dos plenários
Como relatado pelo Metrópoles, a presença massiva dos parlamentares bolsonaristas nos plenários da Câmara e do Senado teve como objetivo obstruir as atividades legislativas. Os opositores organizam um revezamento a cada cinco horas, garantindo que as mesas parlamentares não fiquem desocupadas, com o intuito de pressionar a lideranças do Congresso. Além disso, eles exigem a votação de um “pacote da paz”, que inclui uma anistia geral, o impeachment de Moraes e a PEC do fim do foro privilegiado.
Apesar das tentativas da base governista em aliviar a pressão do protesto opositor, a situação permanece tensa. Os presidentes da Câmara e do Senado têm trabalhado para encontrar um acordo que permita o retorno à normalidade das atividades legislativas. Na Câmara, a obstrução já resultou em falta de quórum para a abertura das sessões, dificultando avanços nas pautas prioritárias.
Divergências na atuação no Senado
No entanto, o cenário no Senado apresenta diferenças. O presidente Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) convocou líderes da base governista para uma reunião, recebendo críticas variadas dos aliados de Bolsonaro. Alcolumbre descreveu a ocupação da oposição como “arbitrária” e que contraria “princípios democráticos”. Apesar das ocupações, a base do governo conseguiu manter a continuidade das comissões, permitindo o andamento de propostas que são vistas como imprescindíveis para o desenvolvimento do país.
Enquanto a oposição permanece ativa e determinada a obstruir as pautas do governo, Gleisi Hoffmann reafirma a necessidade de avançar com a agenda que beneficia as famílias brasileiras. A luta pelo espaço legislativo e pelas reivindicações dos cidadãos continua sendo um desafio significativo na atual conjuntura política.
O clima no Congresso está carregado e a expectativa é de que novas negociações sejam feitas na busca por um equilíbrio entre as demandas oposicionistas e a necessidade de governabilidade para o Brasil.