A relação de John Textor com a Eagle Football Holdings, a companhia criada para gerir sua rede de clubes de futebol, passa por transformações significativas. Documentos internos da empresa obtidos pelo GLOBO revelam que mudanças estatutárias recentes no Conselho de Administração limitaram o poder de Textor, que, apesar de ainda ser o sócio majoritário, não pode mais tomar decisões sem a aprovação de um diretor independente.
1. Reunião do Conselho de Administração e mudanças estruturais
As alterações na governança da Eagle Football foram decididas em uma reunião do Conselho de Administração, presidida por Textor, em 23 de abril. O encontro foi marcado pela crise financeira enfrentada pelo Lyon, um dos clubes do grupo. O conselho aprovou a nomeação de Christopher Mallon, um advogado britânico especializado em reestruturação empresarial, como diretor independente. Essa decisão foi crucial, considerando a pressão de credores e os riscos que o Crystal Palace, outro clube da holding, poderia enfrentar.
Na sequência, em 6 de maio, o novo Estatuto Social da empresa foi protocolado, estabelecendo que qualquer decisão de diretores deveria incluir, obrigatoriamente, a participação do diretor independente. Dessa forma, Mallon passou a ter poder sobre as decisões administrativas da Eagle.
2. Atrasos na venda do Crystal Palace
Após as mudanças de governança, a Eagle e seus credores, incluindo a Ares Management, firmaram um acordo em 28 de maio. Este acordo visava resolver as dívidas da empresa, mas não incluiu a venda imediata do Crystal Palace, um compromisso que havia sido estipulado. Em 2 de junho, a Ares emitiu um aviso de violação, o que ampliou ainda mais os poderes de Mallon. Agora, ele não apenas participava das decisões, mas também detinha a maioria dos votos em qualquer reunião do conselho.
3. Falhas em abrir capital na bolsa de valores
Em 11 de junho, outro aviso de violação confirmou a ampliação contínua dos poderes de Mallon. O acordo estabelecia que a Eagle deveria ter recebido propostas para abertura de capital até a data limite, o que não aconteceu. Consequentemente, as restrições sobre Textor permaneceram vigentes, permitindo que Mallon mantivesse controle significantemente ampliado sobre a companhia.
Até abril, Textor tinha autonomia para decisões por conta própria; atualmente, o controle é dominado pelo diretor independente. A Eagle busca agora anular na Justiça do Rio de Janeiro decisões tomadas por Textor relacionadas à SAF do Botafogo, alegando que foram feitas sem o devido consenso com os demais sócios.
4. Controvérsias sobre o controle da SAF do Botafogo
Em ações legais, advogados da empresa acusam Textor de tentar consolidar seu controle sobre a SAF do Botafogo por meio de uma manobra financeira que incluiria a emissão de novas ações e a conversão de dívidas em participação societária. Em uma reunião do Conselho da SAF, realizada em 17 de julho, Textor conseguiu aprovar uma proposta que poderia alterar o comando do clube, com o plano de oferecer novas ações a uma empresa registrada em Ilhas Cayman, agravando ainda mais a situação da Eagle.
A SAF do Botafogo, por sua vez, negou a existência de planos para diminuir a participação da Eagle, afirmando que as ações tomadas têm caráter preventivo e visam permitir que Textor realize novos investimentos no clube.
5. O futuro da Eagle Football Holdings e suas consequências
As mudanças na governança da Eagle Football Holdings e as ações judiciais que se seguem sinalizam um momento de incertezas e tensões no relacionamento de Textor com os outros sócios e com a gestão da empresa. O cenário atual ilustra a fragilidade de sua posição, onde um simples litígio pode acarretar consequências dramáticas na administração de suas holdings.
Assim, à medida que novas informações e desdobramentos surgem, o entorno de John Textor e a Eagle Football Holdings permanecem sob atento escrutínio, prenunciando grandes movimentos no cenário do futebol global e nas finanças dos clubes envolvidos.
