O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), está no centro de uma intensa controvérsia relacionada à instalação de 11 pórticos de pedágios eletrônicos, conhecidos como free flow, na Rodovia Padre Manoel da Nóbrega, ou SP-55, que liga Praia Grande ao Vale do Ribeira. As cobranças, previstas para começarem em novembro, geraram uma onda de críticas e pressões, tanto de deputados de sua própria base quanto de moradores das cidades litorâneas.
O impacto da privatização da SP-55
A Rodovia Padre Manoel da Nóbrega, que recebe cerca de 72 mil veículos diariamente, foi privatizada no ano passado e agora é administrada pelo Consórcio Novo Litoral. O governo destaca que a medida visa beneficiar motoristas que percorrem trechos com várias cidades, permitindo que paguem tarifas proporcionais ao invés de um valor fixo. Contudo, a insatisfação é palpável entre os moradores, especialmente naquelas cidades que dependem da rodovia para a locomoção diária.
Reações locais e internas
Deputados e cidadãos unidos em suas críticas têm chamado a atenção do governador. A deputada estadual Solange Freitas (União Brasil), parte da base de apoio ao governante, expressou sua indignação: “Os moradores dependem da Padre Manoel da Nóbrega para se locar de um bairro a outro. Minha proposta é isentar esses cidadãos do pedágio por três anos, dado o impacto econômico que isso pode ter em suas vidas.” No entanto, até o momento, a proposta não tem previsão de votação.
A pressão também vem de outros deputados, como Tenente Coimbra (PL), que enfatizou a importância de preservar a acessibilidade da via marginal, que conecta as cidades sem que os residentes precisem pagar pedágio. “Dialogamos com o governo desde o início para que as vias laterais pudessem ser usadas por quem se desloca entre cidades, e conseguimos ser atendidos nesse pedido,” destacou Coimbra.
Melhorias nas condições da rodovia
Com o novo sistema de pedágios, o Consórcio CDL planeja investir R$ 3 bilhões nos próximos 30 anos para melhorar as condições das vias laterais, incluindo reformas significativas em 108,5 quilômetros de estradas, instalação de iluminação e sinalizações. Embora isso seja visto como uma melhoria, muitos moradores ainda sentem que a instalação de pedágios eletrônicos na via principal pode ser um fardo econômico em tempos de crise.
A posição da oposição
A insatisfação não se limita apenas à base de apoio ao governo. Políticos da oposição, como o deputado Caio França (PSB), têm clamado pela revogação dos pedágios, argumentando que isso é prejudicial para o desenvolvimento do setor turístico da região. “Não faz sentido termos tantos pedágios que atrapalham o desenvolvimento de uma região que necessita de mais investimentos,” reivindicou França durante uma manifestação na rodovia.
O que diz o governador
Em resposta às críticas e à pressão crescente, Tarcísio de Freitas afirma que os pedágios automáticos são essenciais e “irreversíveis.” Durante eventos e comunicações nas redes sociais, ele tem destacado que a infraestrutura viária precisa passar por investimentos consideráveis, mesmo que isso gere descontentamento inicial. “No começo, as pessoas reclamam, mas depois que os investimentos começam a aparecer, todos percebem sua importância,” argumentou o governador.
Enquanto isso, a expectativa é de que as primeiras cobranças sejam operacionalizadas a partir de novembro, com novos pórticos introduzidos gradualmente até 2027. As opiniões sobre essa mudança seguem polarizadas, refletindo a complexidade das necessidades e expectativas dos motoristas na região.
Este cenário envolvendo a Rodovia Padre Manoel da Nóbrega levanta questões sobre a regulamentação de pedágios e as implicações socioeconômicas que surgem com sua implementação, sendo um tema que certamente continuará a gerar debate no panorama político e social do estado de São Paulo.