Brasil, 9 de agosto de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Acusação de RFK Jr. sobre vacinas para negros provoca grande preocupação entre especialistas

Declarações de RFK Jr. sobre vacina para negros geram alarmismo e são consideradas racismo científico pelos especialistas

O ativista e político Robert F. Kennedy Jr. afirmou que “não devemos administrar o mesmo cronograma de vacinas para negros e brancos”, o que gerou forte reação de especialistas em saúde e direitos civis. Kennedy, uma figura controversa por suas posições antivacina, voltou a explicar sua declaração em um evento recente, reforçando uma alegação que especialistas classificam como racismo científico e perigoso para a confiança no sistema de saúde.

Declarações de RFK Jr. e a controvérsia sobre racismo na medicina

Em 2021, Kennedy havia declarado que “as pessoas negras têm sistemas imunológicos melhores do que os brancos” e sugerido que “não deveriam receber o mesmo calendário de vacinas”. Nesse evento, ele voltou a defender essa ideia, o que atos de especialistas apontam como uma forma de racismo científico, uma prática que perpetua desigualdades e equívocos sobre a biologia de grupos raciais.

Joel Bervell, recém-formado em medicina e ativista anti-mitos em redes sociais, afirmou que “a distinção com base na raça não faz sentido científico, pois raça é uma construção social, não uma característica genética determinada”. Segundo ele, esse tipo de comentário reforça falsas ideias de diferenças biológicas profundas entre raças, o que pode prejudicar o sistema de saúde ao contribuir para desconfiança e discriminação.

Consequências do discurso racista na saúde e os riscos de desinformação

Especialistas destacam que essa narrativa pode aprofundar a desconfiança de comunidades negras em relação às vacinas, dificultando esforços de imunização. “A desinformação encontra um terreno fértil na exploração do racismo estrutural presente no sistema de saúde”, afirmou Blackstock, especialista em justiça racial na saúde.

Essa postura também remete ao discurso de ex-presidente Donald Trump, que frequentemente usou retórica eugenista e racista, reforçando a noção de superioridade de certos grupos biológicos. “Fazer essas afirmações é perigoso porque reforça conceitos de superioridade racial, o que tem um histórico trágico na medicina”, alertam os especialistas.

Reação das entidades médicas e impacto na política de saúde pública

Entidades como a Associação Médica Americana (AMA) e a Academia Americana de Pediatria (AAP) condenaram veementemente as declarações de Kennedy e têm tomado medidas legais contra suas ações, incluindo processos judiciais relacionados às mudanças no calendário de vacinação contra a COVID-19. A necessidade de manter a confiança na ciência e nas políticas de vacinação é cada vez mais premente em um momento de disseminação de notícias falsas.

Durante a sabatina, Kennedy foi questionado por senadores e especialistas sobre suas afirmações controversas, às quais ele respondeu com base em estudos desacreditados. “Ele poderia admitir a necessidade de mais pesquisas, mas preferiu defender posições que são claramente infundadas”, afirmou Bervell.

Reflexos na confiança pública e o perigo da narrativa racista instalada

“Comentários como os de Kennedy contribuem para o aumento do hesitância vacinal, sobretudo entre comunidades vulneráveis, agravando desigualdades já existentes” alerta Blackstock. Ela reforça que o racismo científico na medicina, que gera tratamentos diferenciados e subtratamento de negros, é uma prática que precisa ser combatida urgentemente.

Para os especialistas, a propagação de tais ideias na atualidade é reflexo de uma narrativa de exclusão e preconceito que insiste em se perpetuar, mesmo após décadas de avanços na compreensão de que raça é uma construção social sem base genética significativa. “Ainda estamos lutando contra hábitos antigos de racismo institucionalizado na saúde”, conclui Blackstock.

O avanço na conscientização pública e a fiscalização rigorosa da disseminação de informações falsas permanecem essenciais para proteger a integridade do sistema de saúde e garantir tratamentos equitativos para todos os cidadãos, independentemente de sua cor ou origem.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes