Brasil, 7 de agosto de 2025
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Regiões pouco propensas ao cultivo de café no Brasil começam a produzir grãos

Mesmo em áreas com clima desfavorável, agricultores inovam e plantam café para consumo local e projetos de turismo rural

Apesar de o Brasil ser o maior produtor e exportador mundial de café, regiões tradicionalmente consideradas inadequadas ao cultivo, como o Rio Grande do Sul, vêm surpreendendo com pequenos plantios de café de alta qualidade para consumo de subsistência e turismo. Essas iniciativas têm chamado atenção por desafiar a lógica climática e abrir novas possibilidades para o setor.

Café no Rio Grande do Sul: uma surpresa para produtores e pesquisadores

Em Vera Cruz, no Vale do Rio Pardo, o jornalista Diego Weigelt adquiriu duas hectares de terra em 2022, onde encontrou arbustos de café escondidos em meio ao matagal. Com a ajuda da Embrapa e da Fundação Procafé, constatou que se tratava da variedade arábica Typica, trazida ao Brasil em 1727. A área, historicamente ligada à produção de tabaco, agora abriga mais de 250 pés de café, incluindo variedades como Typica, Bourbon, Arara, Iapar, Obatan, Ibc e Mundo Novo.

O objetivo inicial do projeto de Weigelt era criar um empreendimento de agroturismo com foco na culinária e cultura portuguesas, chamado Quinta dos Pirilampos. Entretanto, as descobertas das plantas e o potencial do terroir estimularam a inclusão do café na proposta, com previsão de início de produção em até dois anos.

Hoje, o empreendedor já possui mais de 250 pés de café no local, cultivados em pauladas de biodiversidade, com o objetivo de produzir café orgânico para integrar ao projeto de turismo rural.

Desafios e potencial do cultivo de café em áreas de clima adverso

A região de Vera Cruz apresenta temperaturas médias anuais entre 14,9°C e 25,4°C, enquanto a temperatura ideal para o café arábica varia entre 19°C e 22°C, de acordo com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR). Para contornar essa questão, agricultores aproveitam pontos que protegem os pés de café de ventos gélidos e geadas, permitindo que o cultivo prospere em pequenas áreas.

Segundo Luis Bohn, gerente técnico estadual da Emater-RS, essas áreas de microclima mais favoráveis facilitam o desenvolvimento do café, mesmo em regiões tradicionalmente não consideradas propícias ao cultivo da espécie.

Iniciativas de pequenos agricultores e o fortalecimento do setor

Na mesma região, agricultores familiares cultivam café em fundos de quintais ou entre bananais, usando o vento frio como aliado na proteção das plantações. Alcides Lopes, moradores de Mampituba, afirma que os plantios permanecem por perto das casas, e que a alta do preço tem incentivado os produtores, que anteriormente abandonaram as lavouras, a retomarem o cultivo para consumo próprio.

De acordo com dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as temperaturas de Vera Cruz variam entre 14,9°C e 25,4°C ao longo do ano, o que limita o cultivo extensivo, mas permite a produção de cafés especiais em microclimas específicos.

Essa tendência de cultivo em regiões de clima desfavorável também é observada em outras culturas, como a lichia e o jambu, que vêm ganhando espaço em mercados regionais e internacionais.

Os pequenos agricultores, apoiados por iniciativas públicas e privadas, demonstram que é possível desafiar as limitações climáticas e diversificar a agricultura brasileira, inclusive com a produção de cafés especiais e orgânicos que atendem a mercados de nicho e valorizam o potencial local.

Para mais detalhes, acesse o fonte original.

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