O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu está esperado para avançar em um plano de “ocupar toda a Faixa de Gaza”, enquanto as negociações de cessar-fogo com o fundador do Hamas e a crise de fome no território cercado se agravam. A intenção de Netanyahu representa uma mudança significativa na política israelense desde que o país se retirou da região em 2005.
A proposta de ocupação total de Gaza
A decisão de Netanyahu de ocupar todos os territórios da Faixa de Gaza, incluindo áreas possivelmente ocupadas por reféns, foi anunciada em uma declaração de seu escritório na noite de segunda-feira. O termo utilizado pode ser interpretado tanto como “ocupar” quanto “conquistar”. Até o momento, o escritório de Netanyahu não respondeu a um pedido de esclarecimento sobre qual definição pretendia utilizar, mas fontes da mídia israelense, incluindo The Times of Israel, relatam que ele pretende “ocupar totalmente” a área.
Consequências humanitárias e reações internacionais
Enquanto os ataques liderados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023 resultaram em 1.200 mortos e 250 sequestrados, ações subsequentes de Israel na região provocaram indignação internacional generalizada. Nos últimos dias, cresceu a preocupação global sobre a situação humanitária na Faixa de Gaza, que enfrenta uma crise de fome exacerbada pelos ataques e pela restrição severa de entrada de ajuda humanitária. O número de mortes por fome tem aumentado.
De acordo com informações da diretoria de saúde palestina, desde o início da guerra, quase 190 pessoas em Gaza, incluindo pelo menos 94 crianças, morreram de desnutrição. Com o conflito em andamento e a pressão crescente sobre as autoridades israelenses, cresce o clamor entre a população para que sejam feitas ações humanitárias e se busque a paz.
Divisões internas em Israel
Dentro de Israel, enquanto muitos se opõem à guerra, há uma base significativa que apoia as ações do governo, especialmente no lado mais à direita da política. O ministro de Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, por exemplo, pediu explicitamente pela “conquista” de Gaza e instou os palestinos a deixarem a região.
A insatisfação não se limita apenas ao distanciamento de ações militarizadas; muitos israelenses estão preocupados com o destino dos 20 reféns que permanecem em Gaza. Recentes protestos mostraram a indignação popular pela morte de crianças devido à escassez de alimentos, refletindo um crescente descontentamento em relação às ações do governo.
Um grupo composto por centenas de ex-oficiais de segurança israelenses enviou uma carta ao presidente, Donald Trump, pedindo que ele pressionasse Israel a acabar com a guerra, alegando que o Hamas não representava mais uma ameaça estratégica. Esse pedido reflete um sentimento crescente de que é hora de “encerrar a guerra, devolver os reféns” e “parar o sofrimento”.
Implicações políticas e futuras ações
Históricamente, a Faixa de Gaza foi capturada por Israel após a guerra de 1967, mas a retirada de assentamentos ocorreu em 2005. A eleição do Hamas em 2006 e sua subsequente tomada de controle em 2007 complicaram ainda mais a situação. Com a proposta atual de ocupação, o futuro das relações entre Israel e os palestinos se torna ainda mais incerto.
Ben-Gvir, reconhecido tanto por sua retórica agressiva quanto por suas solicitações de políticas extremas, também violou um acordo de longa data ao conduzir um grupo de fiéis em oração em locais sagrados. Isso gerou críticas consideráveis e levantou preocupações sobre a instabilidade da região e o crescente extremismo.
Conforme a situação se desenvolve, as repercussões para todos os envolvidos permanecem profundas e complexas, com a determinação de Netanyahu de avançar com uma estratégia de ocupação criando mais divisões tanto em Israel quanto internacionalmente.
O momento é decisivo não apenas para a população da Faixa de Gaza, mas também para a estabilidade da região como um todo enquanto as consequências do conflito continuam a se desdobrar.