O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou, nesta terça-feira (5), que não irá ligar para o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para tratar do tarifaço e da sobretaxa de 50% impostas aos produtos brasileiros exportados aos EUA. Lula afirmou que Trump não quer falar sobre o assunto e que, por isso, não há previsão de conversa oficial entre ambos naquele momento.
Lula destaca convite para a COP30 e retomada do diálogo com os EUA
Durante a abertura da 5ª Reunião Plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), o Conselhão, no Palácio Itamaraty, em Brasília, Lula afirmou que irá ligar para Trump para convidá-lo a participar da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), a ser realizada em Belém, em novembro. “Vou ligar para o Trump para convidar para a COP30 para saber o que ele pensa da questão climática”, disse o presidente.
Segundo o Itamaraty, o governo brasileiro busca aproximação diplomática com Washington, embora até o momento não haja avanço por parte do governo norte-americano. O órgão esclarece que as ligações oficiais dependem de horário marcado e da concordância de ambas as partes. Caso Trump não demonstre interesse, a iniciativa não será realizada, reforçou o Ministério das Relações Exteriores.
Tarifa de 50% e justificativas do governo dos EUA
No último dia 1º, Donald Trump deixou claro que estaria aberto a um contato com Lula, ao afirmar que o presidente brasileiro poderia ligar quando quisesse para tratar do tarifaço. No entanto, ele também criticou o governo brasileiro, alegando práticas comerciais \”injustas\” relacionadas ao sistema Pix, sistema de pagamentos instantâneos do Brasil.
O governo norte-americano anunciou a aplicação de tarifa de 50% sobre as importações brasileiras a partir de 1º de agosto, alegando práticas comerciais desleais no uso do Pix. Lula rebateu afirmando que o sistema é patrimônio nacional e uma referência internacional de infraestrutura digital eficiente. “Gostaria que o presidente Trump experimentasse o Pix nos Estados Unidos”, brincou Lula, ressaltando o potencial do sistema brasileiro.
Resposta do Brasil e futuras ações
O governo federal planeja apresentar uma resposta formal aos Estados Unidos até o dia 18 de agosto e anunciou a intenção de recorrer às instâncias da Organização Mundial do Comércio (OMC) para defender os interesses brasileiros. Lula afirmou que o Brasil continuará defendendo seus direitos no comércio internacional e reforçou a importância de abrir novos mercados, incluindo a assinatura do acordo entre Mercosul e União Europeia prevista para este ano.
Implicações políticas e contexto interno
Lula criticou a interferência de interesses políticos-eleitorais nas relações diplomáticas do Brasil, citando a atuação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos EUA, que teria articulado ações junto ao governo estadunidense visando beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro em processos judiciais.
“O dia 30 de julho de 2025 marcará uma época difícil nas nossas relações com os EUA, um momento de ameaça à nossa soberania, à nossa democracia e à nossa economia”, afirmou Lula, reforçando a necessidade de resistência às tentativas de ingerência estrangeira.
O presidente declarou ainda que o governo brasileiro desenvolverá um plano de contingência para mitigar os efeitos econômicos e sociais decorrentes das tarifas americanas, além de buscar meios legais de defesa na OMC.
Na esfera internacional, Lula destacou o comprometimento do Brasil com a política de comércio exterior e a busca por novos parceiros, além do avanço nas negociações do acordo entre Mercosul e EU, que deverá ser assinado ainda neste ano.
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