Brasil, 5 de agosto de 2025
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Desnutrição global: situação alarmante em Gaza e no Sudão

Relatório aponta 673 milhões de pessoas com fome em 2024, com crises severas em Gaza e Sudão.

O recente relatório Sofi sobre desnutrição global, publicado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e outras quatro agências da ONU, revela um panorama preocupante: em 2024, 673 milhões de pessoas enfrentaram a fome, com um leve melhoramento na Ásia e América Latina, mas uma tendência alarmante na África. O diretor da Ação Contra a Fome, Simone Garroni, alerta que o documento não considera os impactos da intensificação da crise em Gaza e os cortes na ajuda humanitária, em entrevista à mídia vaticana.

A situação crítica em Gaza

A situação em Gaza é devastadora. Com imagens chocantes de crianças em estado de desnutrição extrema surgindo nas redes sociais, a Classificação Integrada de Segurança Alimentar (IPC), apoiada pela ONU, aponta que a região enfrenta “o pior cenário possível de fome”. Ross Smith, diretor de emergências do Programa Mundial de Alimentos (PMA), comparou a tragédia atual em Gaza com antigas crises de fome, como as da Etiópia e Biafra no século passado.

Simone Garroni, corroborando o relatório, enfatiza que 100% da população de Gaza precisa de assistência alimentar. Atualmente, a região enfrenta um estado de penúria, com 20.000 crianças em situações críticas de desnutrição aguda, dentre as quais pelo menos 16 já faleceram apenas nas últimas semanas. Garroni explica que o sistema de ajuda atualmente em funcionamento é incompleto e inadequado, com apenas quatro pontos de distribuição operando em vez dos 400 que existiam anteriormente. “É imprescindível um cessar-fogo imediato e a reabertura das fronteiras para que a ajuda humanitária possa ser efetivamente coordenada”, alerta ele.

A emergência no Sudão

No Sudão, o cenário não é diferente. A guerra que assola o país há quase dois anos e meio intensificou a fome, culminando em denúncias alarmantes sobre mortes por desnutrição em campos de refugiados como os de Lagawa, em Darfur oriental. A ONU destaca que em El Fasher, no Darfur norte, muitos estão morrendo devido à fome. A escassez de alimentos é tão severa que alguns habitantes relataram estar consumindo ração anteriormente destinada a animais.

O resultado da inércia internacional

O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou a utilização da fome como arma de guerra em sua recente fala na Cúpula de Sistemas Alimentares da ONU em Adis-Abeba. Garroni reitera que essa dificuldade não é um fenômeno natural, mas uma consequência de políticas públicas inadequadas. Ele destaca que, de acordo com um estudo da revista The Lancet, sem uma mudança efetiva, estima-se que 14 milhões de pessoas, sendo 4,5 milhões crianças menores de cinco anos, poderiam morrer anualmente devido à fome até 2030.

O relatório Sofi apresenta um contraste entre avanços em algumas regiões, como a Ásia e América Latina, e uma deterioração preocupante na África. Garroni observa que os cortes na ajuda humanitária já começaram a afetar gravemente diversas áreas: clínicas móveis de saúde na República Democrática do Congo, por exemplo, estão sendo fechadas, enquanto em Moçambique mais de 30.000 pessoas perderam acesso a assistência alimentar.

Consequências dos cortes na ajuda humanitária

A escassez de recursos tem impactos dramáticos em várias regiões. Na República Democrática do Congo, cerca de 12.000 crianças não estão mais recebendo tratamento, e na província de Cabo Delgado, em Moçambique, 200 funcionários foram demitidos devido à suspensão de projetos vitais. Além disso, na Ucrânia, os serviços de apoio psicológico a crianças foram interrompidos e centros de saúde enfrentam escassez de equipamentos.

Garroni conclui afirmando que a fome não é uma inevitabilidade e clama por uma maior vontade política das instituições internacionais e governos para abordar as questões de conflitos, mudanças climáticas e desigualdade. “É necessário tomar decisões mais ousadas para mudar essa trajetória, pois a atual situação não é sustentável”, finaliza.

O relatório é um chamado à ação urgente para prevenir que o ciclo de fome se torne uma tragédia constante em pleno século XXI. Para uma análise mais detalhada, consulte o relatório no [site da ONU](https://www.vaticannews.va/pt/mundo/news/2025-08/conflitos-fome-desnutricao-gaza.html).

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