Brasil, 8 de agosto de 2025
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Confronto entre GCM e ambulantes gera tumulto no Brás, SP

Uma operação da Guarda Civil Municipal no Brás terminou em confusão e protestos entre ambulantes nesta terça-feira (5).

No coração de São Paulo, uma operação da Guarda Civil Municipal (GCM) na região do Brás, conhecida pelo seu comércio ambulante intenso, culminou em uma situação caótica nesta terça-feira, 5 de agosto. A ação visava desobstruir as vias ocupadas por vendedores informais, mas resultou em confrontos que deixaram uma mulher ferida e um jovem detido. As imagens, que rapidamente se espalharam nas redes sociais e na TV Globo, mostram a tensão crescente entre os agentes e os ambulantes que tentavam sustentar suas atividades de trabalho.

Detalhes da operação e relatos de ambulantes

Os vídeos da troca de agressões revelam que os guardas civis avançaram em direção aos ambulantes, utilizando bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta. Edivania Alves, uma vendedora ambulante de 47 anos que trabalha no Brás há quase uma década, foi uma das atingidas pelo spray. Em seu relato, Edivania descreveu a cena confusa, afirmando que a abordagem dos policiais foi desencadeada por uma ordem de um supervisor, que aparentemente queria somente a remoção dos ambulantes, sem qualquer explicação prévia.

“Eu chego no Brás todo dia meia-noite. Às 6h a GCM estava na rua Rodrigues dos Santos. Às 7h vi a movimentação de carros da GCM”, explicou Edivania. Segundo ela, a resistência dos ambulantes estava ligada à falta de comunicação clara da subprefeitura sobre a operação, que parecia ser uma rotina invasiva sem fundamentação legal adequada. Ela ainda assegurou que o grupo tinha a intenção de permanecer até que alguém da subprefeitura aparecesse para explicar a situação.

O que aconteceu durante o tumulto

No meio do tumulto, Anthony Brandão, um jovem ambulante de 22 anos com oito anos de experiência em vendas na região, foi detido. Segundo ele, a abordagem da GCM foi brusca, e, além de seu celular ter sido confiscado, ele ficou ferido e decidiu registrar boletins de ocorrência por agressão e roubo. “Não estão deixando a gente trabalhar desde sexta-feira. Eles falam para ir à subprefeitura e quando estamos lá, somos dispensados sem respostas”, relatou Anthony, evidenciando a frustração da classe trabalhadora.

Reações e posicionamento das autoridades

Em resposta ao evento, a Secretaria Municipal de Segurança Urbana emitiu uma nota informando que a operação tentou desobstruir a via pública após uma discussão que surgiu entre um dos ambulantes e os agentes. A prefeitura afirmou que os agentes usaram “material de menor potencial ofensivo” apenas para controlar a situação, reiterando que alega que os ambulantes incitaram os colegas a reagirem contra os oficiais da lei.

Autoridades garantiram que a normalidade foi restabelecida na região e que a GCM intensificou as operações no Brás para garantir a segurança dos cidadãos e coibir práticas de comércio irregular. A Secretaria da Segurança Pública confirmou que o jovem que foi detido já foi liberado após prestar depoimento, e uma perícia foi acionada para avaliar os acontecimentos.

A perspectiva dos ambulantes

A população de ambulantes no Brás se sente cada vez mais insegura e invisibilizada em suas atividades diárias. A falta de diálogo e a percepção de violência nas operações de segurança pública geram um clima de hostilidade e desconfiança em relação às autoridades. Vendedores como Edivania e Anthony insistem que suas atividades são legítimas e que suas presenças contribuem para a vivacidade e economia da região, e não para a desordem.

Embora a GCM tenha uma missão de garantir a ordem pública, muitos questionam as abordagens intensas usadas, que acabam resultando em violência ao invés de soluções educativas e conciliadoras. A situação conta um retrato maior das tensões entre o comércio formal e informal em áreas urbanas e a necessidade urgente de um diálogo efetivo entre ambulantes e autoridades locais.

À medida que a cidade busca um equilíbrio entre segurança e direito ao trabalho, a situação no Brás levanta questões sobre como as políticas públicas podem melhor atender a todos os cidadãos, sem discriminar aqueles que apenas tentam ganhar a vida.

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