Os responsáveis pelo cuidado da famosa Sarça de Turim estão contestando os resultados de um estudo divulgado no mês passado que sugere que a imagem na relíquia poderia ser uma obra medieval, e não o Sudário de Jesus Cristo. A pesquisa de Cicero Moraes, artista brasileiro, afirmou que a imagem seria mais compatível com uma representação artística do que com um corpo humano real.
Resposta oficial do Centro Internacional de Sindonologia
Na sua última coletiva de imprensa, em 4 de agosto, o Centro Internacional de Sindonologia — órgão responsável pelos estudos sobre o sudário — afirmou que as conclusões do estudo de Moraes não trazem novidades e já eram consideradas há mais de um século. Segundo o centro, a hipótese de que a imagem seja uma projeção ortogonal, como sugere Moraes, já era conhecida por estudos iniciados em 1902.
Desde os anos 1970, investigações do Projeto de Pesquisa do Sudário (STURP) descartaram que a imagem tenha sido construída por pintura, contato com relevo ou com objetos quentes, reforçando que o método de formação da imagem é mais complexo. Além disso, a equipe ressaltou que softwares de modelagem digital utilizados por Moraes não se aplicam a análises científicas precisas, pois simulam física que não corresponde ao contexto físico real.
Postura do arquidiocese de Turim e o impacto na credibilidade
O cardeal Roberto Repole, arcebispo de Turim e custodião pontifício da relíquia, afirmou que seu escritório não entra na avaliação de hipóteses formuladas por cientistas de credibilidade variável. “Não há motivos para comentar hipóteses que são, muitas vezes, superficiais e que não resistem a uma análise mais aprofundada”, declarou.
O centro mencionou ainda a famosa recomendação do físico Richard Feynman, que recomendava aos pesquisadores que relatassem todas as hipóteses que pudessem invalidar um experimento, evitando assim o autoengano e conclusões precipitadas.