Nesta terça-feira (5), o Brasil celebrou sua saída do Mapa da Fome, uma conquista anunciada recentemente pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO/ONU). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva utilizou a oportunidade para reforçar a importância de compromissos governamentais e a implementação de políticas públicas eficazes no combate à fome no país. Ao se pronunciar no encerramento da reunião plenária do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Lula destacou a necessidade de envolvimento da sociedade nesse processo essencial.
A importância de políticas públicas no combate à fome
Em suas declarações, Lula enfatizou que soluções temporárias não são suficientes para resolver o grave problema da fome. Ele afirmou: “Não dá para ter política ‘quebra-galho’ para resolver o problema da fome. A gente está provando que não se resolve isso se não tiver política pública de estado.” Essa afirmação reflete a necessidade de uma abordagem estruturada e duradoura para enfrentar a insegurança alimentar, que ainda afeta milhões de brasileiros.
A saída do Brasil do Mapa da Fome representa um avanço significativo, tendo o país retornado a este estado crítico entre 2018 e 2020, quando mais de 2,5% da população enfrentava subalimentação grave. Agora, no triênio 2022/2024, a taxa de insegurança alimentar crônica é inferior a esse índice, uma vitória para as políticas alimentares implementadas pelo governo atual.
A crítica à falta de sensibilidade
Lula não hesitou em criticar a falta de sensibilidade de líderes mundiais em relação à questão da fome. Em suas palavras, cuidar dos mais necessitados requer não apenas boas intenções, mas também uma conexão emocional e uma compreensão profunda da realidade vivida por aqueles que passam por dificuldades. Ele lamentou que muitas pessoas sintam vergonha de admitir que estão com fome, o que agrava ainda mais a situação.
“É muito fácil fazer discursos, mas cuidar do pobre de verdade, você não cuida com a consciência da cabeça, é com o coração. Você tem que ter sentido aquilo, ou ter vivido ou conhecer alguém que tenha vivido aquilo”, afirmou o presidente Lula, tocado pela gravidade do assunto.
Durante sua fala, Lula compartilhou experiências pessoais, emocionando a todos ao relatar momentos em que passou fome em seu passado. “Os companheiros ficavam perguntando se eu não ia comer, e dizia que não estava com fome. E cada vez que eles colocavam um sanduíche de mortadela na boca, eu imaginava que era eu que estava mordendo aquele sanduíche”, lembrou o presidente, enfatizando a dor emocional que a fome pode causar.
O papel do Consea na luta contra a fome
O Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) desempenha um papel crucial na formulação e monitoramento de políticas destinadas a garantir a segurança alimentar no Brasil. Desativado em 2019, o órgão foi reinstalado por Lula em 2023, simbolizando um passo importante em direção à erradicação da fome no país.
A presidenta do Consea, Elisabetta Recine, destacou a rápida recuperação do Brasil, afirmando que o país conseguiu sair do Mapa da Fome em apenas dois anos, o que demonstra a eficácia das políticas públicas. “Voltamos a sair do Mapa da Fome em dois anos, e isso mostra que, por mais que nós tenhamos chegado a uma situação dramática no nosso país, nós não esquecemos a lição”, disse Recine.
Desafios persistentes
Apesar desse avanço, Elisabetta alertou que ainda existem 7 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar grave no Brasil. Para ela, é fundamental que os programas sociais cheguem a essas pessoas de forma integrada, abordando a questão da fome de maneira holística e garantindo que todos tenham acesso ao alimento. “É nessas pessoas que os nossos programas precisam chegar, de maneira integrada”, concluiu.
Com essa movimentação em prol da segurança alimentar, o Brasil caminha para um futuro mais esperançoso. No entanto, o desafio de erradicar a fome e garantir a nutrição adequada para todos continua, exigindo compromisso contínuo por parte do governo e da população.
Comemorar a saída do Brasil do Mapa da Fome é apenas o começo. É necessária uma ação consistente e conjunta para garantir que todas as vozes sejam ouvidas e que a fome nunca mais tenha lugar em nossa sociedade.
