O governo suíço anunciou nesta segunda-feira (4) que busca apresentar uma oferta mais atraente aos Estados Unidos, após a imposição de tarifas elevadas que atingem até 39%. Com as novas tarifas programadas para entrar em vigor na próxima quinta-feira (7), Berna está em contato com Washington para tentar estender o prazo de implementação e evitar prejuízos ao comércio bilateral.
Reações e negociações em andamento
“A Suíça entra nesta nova fase pronta para apresentar uma oferta mais atraente, levando em consideração as preocupações dos Estados Unidos e buscando aliviar a atual situação tarifária”, declarou o governo suíço em comunicado, destacando investimentos em pesquisa e desenvolvimento e a presença de investimentos diretos estrangeiros em seu território. A Suíça também descartou, por ora, a adoção de contramedidas comerciais.
Reunião de emergência e esforços diplomáticos
Com as tarifas mais altas entre os países industrializados e a expectativa de entrada em vigor nesta semana, a presidente e ministra das Finanças, Karin Keller-Sutter, convocou uma reunião de emergência do Conselho Federal. As negociações entre os representantes suíços e americanos continuam, com esperança de obter uma extensão do prazo, considerada uma vitória por parte de Berna.
Segundo uma autoridade próxima às negociações, as conversas visam pelo menos um adiamento, visto que uma melhora na situação já seria uma conquista. Os negociadores suíços também fizeram contato com seus pares nos EUA, buscando evitar uma escalada tarifária.
Impacto econômico e perfil do comércio suíço
As tarifas elevadas surpreenderam o mercado, uma vez que negociações anteriores ao prazo final de 1º de agosto pareciam animadoras. Apesar disso, uma ligação na noite de quinta-feira focou no superávit comercial da Suíça em bens com os EUA, que alcançou US$ 38 bilhões no ano passado, segundo dados do Censo dos EUA — o 13º maior em relação à maior economia do mundo.
O superávit, impulsionado principalmente pelas exportações de ouro — uma das principais atividades do país, que é maior centro de refino mundial —, produtos farmacêuticos, café e relógios, não indica práticas comerciais desleais, afirmou o governo suíço.
Por outro lado, as exportações de ouro, altamente desproporcionais, contribuem para o desequilíbrio na balança comercial suíça. A maior dependência do país por esse metal e produtos de alta tecnologia aumenta sua vulnerabilidade às ações comerciais dos EUA.
Reação do mercado financeiro
As ações suíças reagiram à reabertura do mercado após o feriado do Dia Nacional com queda, devido à preocupação com o impacto das tarifas. O Swiss Market Index caiu 1,9% na manhã desta segunda-feira, mas reduziu a perda para 0,5%, com investidores otimistas de que as tarifas possam ser usadas como ferramenta de negociação.
As farmacêuticas Novartis e Roche, que representam quase 30% do índice, tiveram quedas de 0,3% e 1,6%, respectivamente. O UBS Group recuou 0,5%, enquanto a loja de relógios Richemont caiu 1,5%. Em contrapartida, a varejista de luxo Watches of Switzerland Group recuperou-se, com alta de 6,4% após uma queda de 6,8% na semana anterior.
Resiliência e perspectivas
Apesar da volatilidade, o mercado suíço demonstra resiliência, sustentado pela esperança de que um acordo seja fechado nos próximos dias. Frederik Ducrozet, economista-chefe da Pictet Wealth Management, afirmou: “O mercado suíço está se mostrando resiliente, e isso se deve à esperança de que um acordo eventualmente seja fechado com os EUA.”
Para Karin Keller-Sutter, a presidente suíça, não há riscos imediatos de perder o cargo, já que o sistema político do país garante continuidade, com uma presidência rotativa que terminará em dezembro. Ela também afirmou estar disposta a viajar a Washington se houver chances concretas de acordo.
Enquanto isso, especialistas estimam que a tarifa de 39% possa gerar um choque tarifário de cerca de 23 pontos percentuais para a economia suíça, colocando até 1% do PIB em risco no médio prazo, de acordo com Jean Dalbard, economista da Bloomberg Economics.
Futuro incerto, mas negociações continuam
Apesar das dificuldades, a expectativa é de que as negociações levem a uma solução negociada. Estrategistas do banco Lombard Odier estimam que a tarifa suíça de 39% possa ser reduzida para algo próximo dos 15%, caso haja avanço nas conversas. Na ausência de acordo, no entanto, projeta-se uma revisão negativa para a projeção do PIB do país.
Autoridades suíças também consideram alternativas, como aumentar a importação de gás natural líquido dos EUA, apesar das limitações devido à dependência de energia hidrelétrica e nuclear e às dificuldades logísticas envolvidas.
Para mais detalhes sobre o desenrolar das negociações e as possíveis consequências, acesse o fonte original.