Brasil, 4 de agosto de 2025
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Opep+ encerra ciclo de aumentos de produção, mas gera incertezas sobre próximos passos

Após dois anos de ajustes, Opep+ finaliza expansão de oferta, deixando mercado em dúvida sobre novas ações e impacto nos preços do petróleo

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (Opep+) concluiu neste domingo um ciclo de dois anos de aumentos na produção de petróleo, com a autorização de um incremento de 547 mil barris por dia. A decisão visa recuperar participação no mercado, após um corte massivo realizado em 2023, mas também deixou os investidores com incertezas sobre o rumo futuro do grupo.

Fim do ciclo de aumentos e pendências na oferta

O aumento aprovado nesta semana foi desenvolvido com antecipação de um ano em relação ao planejado e marca a reversão do corte de oferta feito em 2023. No entanto, permaneceu uma pendência importante: um volume adicional de 1,66 milhão de barris por dia, que está suspenso desde há dois anos e continua fora do mercado até ao menos o fim de 2026.

Segundo autoridades do grupo, a decisão sobre esse volume extra será avaliada dependendo das condições do mercado nas próximas semanas. Uma nova reunião está marcada para 7 de setembro, quando os membros discutirão se avançam, pausam ou revertam a atual estratégia de aumento de produção.

Pressões e o cenário global de petróleo

Apesar da manutenção temporária dos aumentos, o cenário econômico global se mostra bastante incerto. A previsão de uma desaceleração na China e o aumento da oferta nas Américas devem gerar um excesso de aproximadamente 2 milhões de barris por dia no último trimestre de 2025, de acordo com a Agência Internacional de Energia, em Paris.

Além disso, dados econômicos negativos dos Estados Unidos reforçam os riscos para o consumo, especialmente diante do atual tarifaço imposto pelo governo americano. Instituições como Goldman Sachs e JPMorgan preveem uma nova queda nos preços do petróleo, que podem chegar a US$ 60 por barril nos próximos meses, bem abaixo dos custos de produção de alguns membros da Opep+.

Incertezas e estratégias futuras do grupo

Analistas afirmam que a Opep+ permanece em uma posição delicada. “Todas as opções estão sobre a mesa, incluindo a possibilidade de reverter os aumentos recentes ou até mesmo suspender a retomada de produção adicional”, explica Helima Croft, chefe de estratégia de commodities da RBC Capital Markets LLC.

Com a possibilidade de um cenário de maior oferta dos EUA e uma demanda mais fraca, o grupo pode até precisar rever sua estratégia e realizar cortes na produção. Uma nova avaliação está prevista para a próxima reunião, refletindo a dificuldade de manter um equilíbrio entre interesses comerciais, políticos e econômicos.

Contexto geopolítico e impacto internacional

O pano de fundo do mercado também envolve tensões diplomáticas. O aumento da pressão de Donald Trump sobre a Rússia, copresidente da Opep+, e o encontro recente entre o vice-primeiro-ministro russo, Alexander Novak, e o príncipe saudita Abdulaziz bin Salman, simbolizam o delicado equilíbrio político que influencia a decisão do grupo.

“A decisão final de liberar ou não os 1,66 milhão de barris adicionais dependerá de como as sanções e a situação geopolítica evoluirão nos próximos meses”, avalia Jorge Leon, analista da Rystad Energy A/S.

Perspectivas e possíveis movimentos futuros

Se a Arábia Saudita e seus parceiros decidirem seguir ampliando sua fatia no mercado, ignorando as projeções de queda de preços, poderão continuar com a estratégia de aumento de produção, mesmo diante do risco de sobreoferta. Por outro lado, uma postura mais conservadora poderia levar à manutenção dos níveis atuais ou até mesmo à redução da oferta.

Enquanto isso, as tensões internacionais e os fatores macroeconômicos continuam a exercer forte influência sobre o mercado de petróleo, deixando sua trajetória marcada por incertezas e decisões que poderão definir os preços globais nos próximos meses.

Fonte: O Globo

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