No coração de Barcelona, um mural dedicado ao jogador Lamine Yamal, criado pelo artista de rua TV Boy, foi vandalizado menos de um mês após sua inauguração. A obra, que celebra os 18 anos do atacante do Barcelona, mostra Yamal com um “L” no peito, uma referência ao Super-Homem. Contudo, na madrugada desta segunda-feira, o desenho original foi alterado com a adição controversa dos sete anões da Branca de Neve.
A intervenção polêmica no mural
O artista urbano Shredder foi responsável por incluir os personagens do conto de fadas no mural, em alusão à festa de aniversário de Yamal, que atraiu a participação de pessoas com nanismo. Essa festa, que teve destaque na mídia, gerou críticas do Ministério dos Direitos Sociais da Espanha.
O episódio veio à tona quando o jornalista Edu Polo compartilhou a imagem do mural alterado em suas redes sociais, expressando sua indignação: “Um ‘engraçadinho’ estragou o mural de Lamine Yamal em Joanic… Desta vez não é montagem nem inteligência artificial. Acabei de tirar a foto”. Até o momento, nem Yamal nem o Barcelona se pronunciaram sobre o ato de vandalismo.
Investigações sobre a festa de aniversário
Vale destacar que, no mês passado, o Ministério de Direitos Sociais espanhol solicitou ao Ministério Público uma investigação sobre a festa, após uma denúncia da Associação de Pessoas com Acondroplasia e Outras Displasias Esqueléticas (ADEE). Relatos indicam que pessoas com nanismo foram contratadas para atuar como entretenimento durante a celebração, que contou com a presença de astros do futebol e várias mulheres.
Em nota, a ADEE expressou sua indignação pela situação, alegando que o jogador teria utilizado pessoas com nanismo para fins de entretenimento e “atividades promocionais” em sua festa de aniversário. A associação prometeu tomar “medidas legais e sociais para salvaguardar a dignidade das pessoas com deficiência” após constatarem a objetificação das pessoas com nanismo.
A voz da ADEE e os direitos das pessoas com deficiência
A ADEE condena publicamente a contratação de pessoas com nanismo como parte do entretenimento na festa, considerando essa ação uma violação das leis e dos valores éticos de uma sociedade que busca ser igualitária e respeitosa. A entidade ressalta que a prática é proibida pela Lei Geral dos Direitos da Pessoa com Deficiência, que proíbe a exposição de pessoas em situações de zombaria ou escárnio.
A presidente da ADEE, Carolina Puente, comentou: “Quando uma pessoa com influência social participa desse tipo de situação, o dano é ainda maior, pois transmite à sociedade — especialmente aos jovens — que a discriminação é aceitável. Precisamos erradicar a objetificação da diferença e educar as pessoas para o respeito e a equidade”.
Reflexão sobre a cultura de cancelamento
O vandalismo no mural de Lamine Yamal, junto com a controvérsia gerada pela festa e as ações da ADEE, levanta questões relevantes sobre a cultura do cancelamento e a responsabilidade social de figuras públicas. À medida que a sociedade continua a debater os limites da liberdade de expressão e a sensibilidade em relação a questões de diversidade e inclusão, o incidente pode servir como um alerta para a necessidade de reflexão e diálogo construtivo.
A situação em torno do mural de Lamine Yamal não é apenas sobre uma obra de arte, mas também sobre a forma como a sociedade lida com a diversidade e a representação adequada de todos os seus membros. É essencial que educadores, influenciadores e a sociedade em geral promovam um ambiente de respeito e dignidade para todos, independentemente de suas características individuais.
Assim, o vandalismo no mural e as reações subsequentes nos convidam a pensar criticamente sobre nossas ações e suas implicações para a inclusão e o respeito às diferenças.


