Durante o verão, Matt Deitke recebeu uma oferta tentadora de Mark Zuckerberg, CEO da Meta, para liderar uma equipe de pesquisa em inteligência artificial voltada à “superinteligência”, uma tecnologia que, teoricamente, pode superar o cérebro humano. Apesar do elevado valor, o jovem de 24 anos decidiu não aceitar a proposta e seguiu com sua startup.
Propostas milionárias e a guerra por talentos em IA
A Meta inicialmente ofereceu cerca de US$ 125 milhões (R$ 690 milhões) em ações e dinheiro ao longo de quatro anos. Porém, Deitke recusou a primeira oferta, considerando-a insuficiente para interromper seu trabalho na startup que fundou recentemente.
Após discussão pessoal com Zuckerberg, a Meta revisou a oferta, propondo aproximadamente US$ 250 milhões (R$ 1,38 bilhão) pelo mesmo período, incluindo um pagamento de até US$ 100 milhões já no primeiro ano. A proposta tão elevada que levou Deitke a consultar colegas antes de decidir aceitar.
Disputa de talentos em IA assemelha-se ao mercado esportivo
A competição por pesquisadores especializados em inteligência artificial no Vale do Silício é cada vez mais acirrada, assemelhando-se ao mercado de estrelas do esporte profissional, com propostas que chegam a centenas de milhões de dólares anuais. Jovens talentos são disputados como se fossem estrelas da NBA ou do futebol internacional.
Para lidar com essa febre, muitos desses profissionais recorrem a agentes informais e grupos de discussão online, trocando informações sobre contratações e inflacionando suas próprias avaliações de valor, segundo fontes ligados ao setor.
Valorização de talentos e o poder de barganha
Desde 2012, quando pesquisadores venderam um sistema de IA pioneiro ao Google por US$ 44 milhões, o mercado acelerou. Hoje, o custo de um especialista de ponta em deep learning se equipara ao salário de um quarterback promissor na NFL, que pode chegar a US$ 1 milhão por ano, em um cenário que se reflete nas cifras de contratações bilionárias de empresas como Meta, Microsoft, Google e OpenAI.
Segundo Peter Lee, chefe de pesquisa da Microsoft, o valor de mercado desses profissionais é tão alto que a guerra por suas contratações chega a “custo semelhante ao de um quarterback da NFL”. Desde o lançamento do ChatGPT pela OpenAI em 2022, a escassez de especialistas treinados tem impulsionado essa escalada salarial exponencial.
Rede de influências e estratégias de recrutamento
Zuckerberg, por sua vez, adotou uma estratégia agressiva de recrutamento, utilizando uma lista secreta — “The List” — com os nomes mais promissores do setor de IA, muitos com doutorado, experiência em laboratórios de ponta e contribuições relevantes. Além de ofertas milionárias, a Meta prometeu acesso a 30 mil GPUs, recursos altamente cobiçados pelos especialistas.
Durante semanas, grupos no Slack e Discord foram criados por esses profissionais para discutir propostas, compartilhar detalhes de ofertas e tentar inflar seus valores de mercado, numa concorrência que os especialistas comparam a negociações de estrelas no mercado esportivo.
Impactos da guerra por talentos na inovação tecnológica
O nível de competição tem atraído até pesquisadores pouco conhecidos, como Deitke, que liderou projetos no Allen Institute, e fundou a startup Vercept ao lado de colegas. Após recusar uma oferta inicial, Deitke fechou um acordo de cerca de US$ 250 milhões com a Meta, e anunciou publicamente que espera visitar Zuckerberg em sua ilha particular no próximo ano.
O embate cada vez mais intenso por talentos de elite sinaliza uma nova era na inovação em IA, onde os recursos financeiros e a busca por liderar a tecnologia mais avançada têm impulsionado uma verdadeira corrida de bilhões de dólares.
Mais detalhes sobre essas negociações e o mercado de talentos em IA podem ser acessados em este link.