O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, anunciou nesta segunda-feira que o Brasil está elaborando um plano de contingência para enfrentar a tarifa de 50% aplicada pelos Estados Unidos sobre produtos nacionais. As ações incluirão medidas de crédito e a possibilidade de compras governamentais específicas para setores afetados.
Medidas de apoio e negociação com os EUA
Segundo Alckmin, um grupo de trabalho composto por diferentes ministérios está concluindo as ações que terão foco nos segmentos mais prejudicados. “O plano de contingência prevê várias medidas. Crédito, e uma delas pode prever compras governamentais. Não tem uma proposta única, são várias medidas que devem estar sendo concluídas e anunciadas”, explicou.
Foco em produtos perecíveis e segurança alimentar
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, ressaltou que o plano terá atenção especial aos produtos perecíveis, para evitar perdas e garantir a segurança alimentar do país. “Nós não podemos assistir a uma sociedade como a nossa perder esses alimentos. Uma sociedade que está saindo do mapa da fome precisa manter essa política”, afirmou.
Previsões e impactos setoriais
Alckmin destacou que 45% dos produtos afetados pelo tarifão já estão excluídos da lista e outros 20% estão sob regime da seção 232, que aplica regras tarifárias iguais a todos os países. Assim, actualmente, 35% das exportações brasileiras ainda enfrentam o aumento tarifário. Entre os setores liberados estão o suco de laranja, a celulose e parte da indústria de madeira.
Reação do setor produtivo
Apesar das declarações do governo, representantes do setor produtivo demonstraram insatisfação. Eduardo Lobo, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca), afirmou que a reunião foi “mais do mesmo” e criticou a falta de ações imediatas. “Precisamos de soluções em até 15 dias, não em seis meses”, reivindicou.
Consulta à Organização Mundial do Comércio
Além das medidas internas, o vice-presidente anunciou que o conselho de ministros da Câmara de Comércio Exterior (Camex) aprovou a consulta do Brasil à Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre a taxação imposta por Donald Trump a produtos nacionais. “O presidente Lula vai decidir como e quando fazer isso, mas já há aprovação da Camex”, afirmou.
Reação internacional e cenário político
Na reunião do mês passado, o Brasil criticou as ações unilaterais dos EUA na OMC, destacando que tarifas assim interferem na soberania dos países e violam normas internacionais. O embaixador brasileiro na OMC, Philip Fox-Drummond Gough, afirmou que as tarifas americanas representam uma mudança perigosa no uso de mecanismos comerciais para interferir na política interna de outros países.
Donald Trump, por sua vez, declarou que o ex-presidente Jair Bolsonaro está sendo perseguido pelo sistema judicial brasileiro e anunciou uma sobretaxa de 50% para produtos brasileiros a partir de agosto, além de suspender vistos de sete magistrados do STF. Essas ações reforçam o clima de tensão entre os dois países e impactam as negociações comerciais.
Perspectivas e próximos passos
O governo brasileiro afirma que o planejamento de ações visa mitigar os efeitos econômicos das tarifas, especialmente em segmentos estratégicos como alimentos perecíveis. A expectativa é que as medidas, incluindo negociações internacionais e apoio ao setor interno, contribuam para fortalecer a posição do Brasil no cenário multilateral.
Mais detalhes sobre o plano de contingência serão divulgados nas próximas semanas, enquanto o Brasil continua atuando no cenário internacional para reduzir ou eliminar as tarifas com os Estados Unidos.
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