O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), anunciou nesta terça-feira (5) a criação de um Fundo Creditório de R$ 628 milhões na B3, em São Paulo, para mitigar os efeitos do tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros.
Fundo de crédito visa garantir liquidez às empresas goianas
Caiado explicou que o fundo será vinculado ao ICMS e poderá ser utilizado como garantia para que empresas exportadoras obtenham financiamentos no mercado. “O objetivo é preservar empregos, garantir a sobrevivência das empresas e manter a liquidez da economia goiana”, afirmou durante debate promovido pelo jornal O Globo na semana passada.
Estratégia financeira para reduzir juros
Dos R$ 628 milhões, metade será composta por créditos de ICMS e a outra metade por aportes de investidores do mercado financeiro. Essa iniciativa busca facilitar linhas de crédito com juros mais baixos, de aproximadamente 10% ao ano, ou seja, três pontos percentuais abaixo das taxas praticadas por programas federais como BNDES e Plano Safra.
Além do fundo creditório, o governo estadual oferece o Fundo de Equalização para o Empreendedor (Fundeq) e o Fundo de Estabilização Econômica, que possui uma reserva de R$ 4 bilhões para momentos de crise.
Impacto das tarifas americanas na economia de Goiás
Segundo dados do governo de Goiás, os Estados Unidos representam o segundo principal destino das exportações do estado, atrás somente da China. Entre janeiro e junho de 2025, Goiás exportou US$ 337 milhões, sobretudo carnes (61%) e ferro fundido, ferro e aço (11%).
Na mesma período, o estado importou US$ 290 milhões de produtos americanos, principalmente máquinas e instrumentos mecânicos (38%) e itens farmacêuticos (29%).
“Nós governadores estamos sofrendo com a inércia do governo federal. Já estamos sentindo efeitos negativos, principalmente nos setores da carne e ração animal. Se o governo federal não agir, não vou ficar de braços cruzados vendo a economia afundar”, declarou Caiado em 22 de julho, ao fazer o primeiro anúncio das medidas.
O que são fundos creditórios?
Segundo o governo federal, os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) reúnem recursos — como créditos de ICMS ou investimentos do mercado — para oferecer empréstimos às empresas. Dessa forma, as companhias podem usar esses créditos como garantia para obter financiamento, antecipando valores de vendas parceladas ou créditos tributários com condições mais vantajosas.
Perspectivas para o enfrentamento da tarifa
Com a implementação do Fundo Creditório e outras ações, o governo de Goiás busca criar mecanismos que minimizem os impactos econômicos do tarifaço americano, protegendo os setores mais afetados e preservando empregos no estado.