Brasil, 10 de agosto de 2025
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Eagle Football Holdings acusa Textor de manobra no Botafogo

A Eagle Football Holdings protocolou uma ação para anular decisões de John Textor que poderiam levar ao controle total da SAF do Botafogo.

O clima de tensão entre a Eagle Football Holdings e John Textor, figura central na Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Botafogo, explodiu em uma batalha jurídica. A holding que é majoritária no clube acusa Textor de arquitetar uma manobra financeira para assumir o controle total da SAF, usando uma estratégia que envolve a emissão de novas ações, conversão de dívidas em participação societária e a utilização do próprio patrimônio do clube.

Manobras financeiras questionadas

De acordo com a denúncia, protocolada na 2ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, a Eagle Football Holdings alega que, durante uma reunião do Conselho de Administração da SAF em 17 de julho, presidida por Textor, foi aprovada a emissão de novas ações do Botafogo. A proposta prevê que essas ações seriam integralizadas com “supostos direitos creditórios” da própria empresa de Textor, registrada nas Ilhas Cayman. Essa manobra, segundo a Eagle, diluiria a participação de 90% da Eagle Bidco na SAF e permitiria que Textor assumisse o controle do clube utilizando a dívida e os ativos do Botafogo como ferramentas.

Estratégia de venda de dívidas

Além da emissão de ações, o plano aprovado também inclui a venda de uma dívida de € 150 milhões (cerca de R$ 956 milhões) que a SAF tinha a receber da Eagle Football Holdings para a nova empresa criada por Textor, a Eagle Football Group. Essa transação foi feita com um deságio de € 50 milhões, fazendo com que o Botafogo recebesse até € 100 milhões (perto de R$ 638 milhões). Como parte do plano, foi aprovado ainda um novo empréstimo de € 100 milhões com a mesma empresa, utilizando como garantia as receitas de TV do Campeonato Brasileiro até 2029, além de patrocínios e licenciamentos, colocando ainda mais em risco a saúde financeira do clube.

Conflitos de interesse e ausência da Eagle

A reunião em questão aconteceu sem a participação da Eagle, que está em litígio com Textor desde abril. Embora o empresário ainda detenha ações significativas na holding, ele foi afastado do controle da Eagle após problemas financeiros enfrentados pelo Lyon, um clube que faz parte da rede. Ao mesmo tempo, Textor assinou a ata da reunião como presidente da SAF e representante da Eagle Bidco, o que a holding contesta, levantando questões sobre conflitos de interesse.

Os riscos para o Botafogo

A petição judicial apresenta uma afirmação preocupante: “O Botafogo dará um presente de EUR 50 milhões para o Sr. Textor e, em seguida, tomará um empréstimo conversível, de EUR 100 milhões, para permitir a tomada de controle do Botafogo pelo Sr. Textor.” Para a Eagle, além do risco de diluição acionária, a situação representa uma ameaça com a possibilidade de novos atos serem realizados em paraísos fiscais, com o risco de “dilapidação patrimonial dos ativos do Botafogo” em benefício exclusivo de Textor.

Decisões que ignoram a holding

Durante a reunião, também foi discutido um aumento de capital de até R$ 650 milhões (aproximadamente € 100 milhões), sem a necessidade de aprovação da Eagle. A falta de clareza nas definições de valores e condições levantou alarmes sobre a validade das decisões tomadas. A ata da reunião não fez referência à comunicação com a holding, nem reconheceu a possibilidade de um conflito, tratando a operação como uma mera formalidade administrativa, o que gerou ainda mais descontentamento.

As duas partes em confronto

A Eagle argumenta que a SAF, ao tomar novas obrigações e repactuar dívidas sem consultar a principal acionista, viola cláusulas contratuais fundamentais e prejudica o equilíbrio da estrutura societária. Para a holding, Textor atuou simultaneamente como devedor, credor e gestor, ignorando sua presença como maioria no capital da SAF. Mesmo que ainda possua ações na Eagle Bidco, ele não a representa legalmente.

Movimentações suspeitas

Reuniões anteriores do Conselho, ocorridas em 30 de junho e 9 de julho, já indicavam uma intenção de levantar recursos antecipando receitas. No entanto, nestes casos, os contratos envolveram patrocinadores e fundos externos. A deliberação realizada em 17 de julho, em que todas as partes da transação estavam sob controle de Textor, gerou preocupações sobre a ética e a legalidade dessas transações, acirrando o conflito entre as partes envolvidas.

A batalha jurídica entre a Eagle Football Holdings e John Textor promete movimentar os bastidores do futebol brasileiro, destacando a fragilidade estrutural do modelo de SAF no Brasil e os desafios enfrentados por clubes que buscam estabilidade financeira e administrativa em um ambiente cada vez mais complexo.

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