No último domingo, 3 de agosto, a esplanada de Tor Vergata, em Roma, foi o cenário da solene Eucaristia presidida pelo Papa Leão XIV que marcou o encerramento do Jubileu dos Jovens 2025. O evento, que reuniu mais de um milhão de jovens de 146 países, proporcionou um espaço único para reflexões e trocas de experiências. O grupo de Moçambique se destacou com mais de 200 representantes, que trouxeram à tona a necessidade de paz, inclusão e empatia para construir um mundo melhor.
Oportunidade de reflexão e partilha
Para o jovem João Chicote, o Jubileu foi um momento providencial, permitindo a troca de experiências significativas com jovens de diversas partes do mundo. Ele enfatizou que, dentro do contexto de Moçambique, marcado por conflitos em Cabo Delgado e crises políticas, a construção da paz requer reconciliação, repartição justa de recursos e inclusão de todos os setores da sociedade. “É fundamental que o acesso dos jovens à educação de qualidade e o combate à pobreza extrema sejam prioridades”, afirmou.
Chicote destacou que a ignorância pode ser uma porta de entrada para o terrorismo. “Muitas vezes, os jovens são aliciados por falta de oportunidades e não por vontade própria”, disse. Segundo ele, a educação é uma ferramenta crucial no combate à violência.
Renovação da esperança
A jovem Marjú Jumbe, da Arquidiocese da Beira, também participou ativamente do evento e ressaltou a importância da esperança. “O Jubileu da Esperança nos ajuda a renovar nossa visão sobre o futuro. Em tempos de conflito e guerras, acreditar que um futuro diferente é possível é essencial”, afirmou. Para Marjú, a paz deve começar de dentro para fora. “A responsabilidade de transmitir paz começa comigo e se propaga para os outros”, concluiu, citando o Papa Leão XIV.

Jumbe também propôs que os jovens cultivem empatia. “Se formos capazes de nos colocar no lugar dos outros, podemos criar um mundo e uma Igreja melhores”, disse. E se referiu a como a empatia pode ajudar a combater as dificuldades enfrentadas globalmente.
Desafios e responsabilidades dos jovens
Samito Zacarias, outro jovem representante da Arquidiocese da Beira, compartilhou sua gratidão por viver a fé com irmãos de todo o mundo durante o Jubileu. “Ver o que está acontecendo em Moçambique, onde esperamos uma paz verdadeira, é fundamental”, afirmou. Zacarias identificou o egoísmo como a principal barreira à paz. “A incapacidade de compartilhar tem marginalizado muitos jovens. Precisamos ouvir as vozes da juventude para superar os desafios”, ressaltou.

Aurélio Jumbe, também participante do evento, destacou a importância de agir de maneira proativa. “A verdadeira esperança não é esperar que Deus faça tudo por nós; devemos ser protagonistas nas mudanças”, afirmou. Ele também mencionou os preparativos para a III Jornada Nacional da Juventude em Moçambique, marcada para dezembro deste ano.
Colaboração e inclusão como caminhos para a paz
Jumbe acredita que a colaboração entre os jovens, independentemente de diferenças culturais ou religiosas, é essencial. “É crucial reconhecer que todos somos irmãos, independentemente de nossas crenças ou origens. Este entendimento é o primeiro passo para um mundo melhor”, afirmou.
O Jubileu dos Jovens 2025, realizado de 28 de julho a 3 de agosto, encerrou sob o lema “Peregrinos da Esperança”. O evento não apenas celebrou a juventude, mas também destacou a necessidade urgente de construir pontes entre os jovens e promover a paz. Com as vozes de esperança e chamadas à ação, o futuro pode ser moldado em um caminho mais inclusivo e pacífico.