O governo de Victoria, na Austrália, anunciou neste sábado a intenção de criar leis que garantam aos trabalhadores o direito de exercer suas funções em formato híbrido, com pelo menos dois dias de trabalho de casa por semana. A iniciativa, liderada pela primeira-ministra Jacinta Allan, passará por período de consulta com sindicatos e representantes empresariais até o final de 2025, antes de sua aprovação definitiva.
Iniciativa de lei para trabalho híbrido em Victoria
Segundo declarou Allan, “trabalhar de casa funciona para as famílias e é bom para a economia”. A primeira-ministra afirmou que, para os trabalhadores, o formato híbrido aumenta a produtividade, além de representar uma economia de tempo e dinheiro. A proposta surge em um momento em que empresas vêm reduzindo suas políticas de trabalho remoto adotadas durante a pandemia de Covid-19.
De acordo com o Conselho Imobiliário da Austrália, ainda há uma preocupação crescente com o retorno total ao escritório. Em Melbourne, quase um quinto dos escritórios estavam vagos em janeiro, uma porcentagem acima da média nacional, o que gera receios de impacto no crescimento econômico. Apesar disso, o trabalho híbrido mantém popularidade em todo o país.
Reação das empresas e críticas à proposta
Entidades empresariais de Victoria criticaram a proposta do governo. Tim Piper, chefe da unidade local do grupo Australian Industry Group, afirmou que a iniciativa “não passa de puro teatro político” e que configura uma “grave interferência do governo”, prejudicando a autonomia das empresas e a confiança na economia local. Segundo ele, a medida visa uma disputa política antes das eleições estaduais de novembro de 2026.
Analistas também apontaram que a legislação pode ser contestada na mais alta corte australiana, pois as regras trabalhistas para o setor privado são de responsabilidade do governo federal. A oposição estadual foi alvo de questionamentos após abandonar planos de obrigar o retorno integral ao escritório antes de ser derrotada nas últimas eleições gerais, realizadas no início deste ano.
Perspectivas e possíveis impactos
Mesmo com resistência, o plano de Victoria reforça a tendência mundial de valorização do trabalho remoto e híbrido, que ganhou força durante a pandemia. Para a primeira-ministra Allan, a medida irá promover benefícios tanto para os cidadãos quanto para a economia local, ao aumentar a satisfação dos empregados e reduzir custos.
Entretanto, especialistas alertam que a implementação de leis obrigatórias pode gerar desafios práticos para empresas e afetar a confiança no crescimento econômico do estado. A expectativa é que o debate público continue durante o processo de consulta até a votação final, prevista para o próximo ano.