Brasil, 5 de agosto de 2025
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Guerra entre montadoras no Brasil se intensifica por avanço da BYD

Empresa chinesa pede redução de impostos para carros importados semi-acabados; concorrentes protestam e governo busca acordo

A disputa no setor automotivo brasileiro atingiu novo patamar nesta semana, com a BYD solicitando ao governo federal a redução de impostos sobre veículos semi-prontos e enfrentando forte resistência das montadoras tradicionais. A controvérsia expõe a batalha entre inovação, competitividade e interesses econômicos no mercado nacional.

BYD aposta em redução de impostos para veículos semi-acabados

Em fevereiro, a chinesa BYD apresentou um pedido para que o governo reavalie a alíquota de importação de carros elétricos que chegarem ao Brasil em estágio semi-pronto, com a proposta de uma redução para 10% para modelos SKD e 5% para CKD. Com essa estratégia, a montadora já iniciou, em julho, a operação de sua fábrica em Camaçari, na Bahia, produzindo veículos parcialmente desmontados com o objetivo de tornar os preços mais acessíveis.

O pedido da BYD foi encaminhado ao Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex-Camex), que analisa a medida. A proposta buscava abrir caminho para uma maior produção local, gerando empregos e investimentos no país.

Reação das montadoras tradicionais e pressão sobre o governo

Quatro grandes fabricantes, Volkswagen, Stellantis, GM e Toyota, enviaram uma carta conjunta ao presidente Lula, manifestando preocupação com o favorecimento dado à BYD. Segundo as empresas, a redução do imposto para veículos semi-acabados prejudicaria a competitividade das montadoras já instaladas no Brasil, podendo levar à diminuição da demanda por autopeças, fechamento de fábricas e aumento do desemprego.

“Essa prática pode disseminar-se pela indústria, afetando a inovação, a engenharia nacional e a balança comercial”, alertaram os representantes das indústrias estabelecidas.

Resposta da BYD e o contexto da competição no mercado brasileiro

Em resposta, a BYD enviou uma carta ao governo, defendendo sua atuação como uma resposta às estratégias de resistência das montadoras tradicionais. A chinesa argumenta que sua entrada no Brasil promove tecnologia, sustentabilidade e preços mais acessíveis, e que as reações defensivas são uma forma de proteger interesses estabelecidos há décadas.

“A reação das montadoras é uma chantagem emocional para preservar um modelo antigo e pouco inovador”, afirmou a empresa, ressaltando que a proposta de redução temporária de impostos visa facilitar a transição para veículos eletrificados mais dispostos ao consumidor brasileiro.

Medidas do governo e impacto na indústria

Após a pressão, o governo federal decidiu estabelecer um meio-termo: manteve o cronograma de aumento gradual de impostos até 2028, mas antecipou para janeiro de 2027 a subida de alíquota de veículos importados semi-acabados, além de zerar temporariamente o imposto para veículos eléctricos e híbridos desmontados por seis meses. Essas ações representam um esforço de equilibrar interesses de inovação e proteção à indústria tradicional.

Segundo informações do Ministério da Fazenda, o objetivo é garantir condições justas de competição, evitando que importações de veículos semi-acabados prejudiquem as operações locais, que já geram milhares de empregos e investimentos de bilhões de reais.

Contexto e perspectivas na indústria automotiva brasileira

O avanço de marcas chinesas como BYD, GWM, GAC e outras, indica uma mudança radical no mercado nacional, que em 2025 já contabiliza mais de 11 fabricantes chineses ativos. A tendência é de crescimento, com novos investimentos e a possibilidade de fabricação local de veículos mais sustentáveis e acessíveis.

Especialistas reforçam que a entrada dessas empresas promove uma concorrência mais saudável, estimulando inovação, redução de custos e maior acesso ao consumidor brasileiro. Por outro lado, as montadoras tradicionais veem na ação da BYD uma ameaça ao seu protagonismo historicamente consolidado no país.

Futuro da indústria e o papel do governo

Embora o novo marco regulatório tenha desacelerado a imposição de tarifas menores, a expectativa é de que o mercado continue se adaptando às novas dinâmicas de importação e produção. A estratégia oficial é de incentivar uma transição tecnológica que beneficie o consumidor, sem perder de vista o fortalecimento da cadeia local.

O debate evidencia a necessidade de políticas equilibradas, que incentivem a inovação sem comprometer empregos e investimentos existentes. Como destacou analistas, a chegada de empresas como a BYD é um sinal de que o setor automotivo brasileiro precisa se reinventar para competir de forma sustentável no cenário global.

Por ora, o mercado acompanha atento os próximos passos do governo e das montadoras, enquanto a guerra por protagonismo se intensifica no Brasil, o maior mercado de veículos elétricos da América Latina.

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