Adriana Kugler, membro do Conselho de Governadores do Federal Reserve, anunciou na última sexta-feira sua saída do banco central dos EUA. Essa decisão gera uma vaga importante num momento em que o presidente Donald Trump está pressionando por taxas de juros mais baixas.
A saída de Kugler e suas implicações
No comunicado endereçado a Trump, Kugler, de 55 anos, não mencionou os motivos de sua renúncia, revelando apenas que retornará à Universidade de Georgetown como professora no outono. “Foi uma honra vitalícia servir no Conselho de Governadores do Federal Reserve”, afirmou Kugler. “Estou especialmente honrada por ter servido durante um período crítico para alcançar nosso mandato duplo de manter os preços sob controle e garantir um mercado de trabalho forte e resiliente.”
A mandatária tinha seu mandato previsto para expirar no final de janeiro de 2026. Nomeada durante a presidência de Biden, Kugler se juntou ao Conselho em setembro de 2023, ocupando a vaga deixada por Lael Brainard, que saiu para ser assessora econômica de Biden. Como governadora, Kugler participou das deliberações e votações do Comitê Federal de Mercado Aberto, responsável pela definição das taxas de juros.
Consequências políticas e econômicas
A saída de Kugler abre espaço para que Trump nomeie uma pessoa de sua confiança para o cargo. Durante a reunião do último meio da semana, dois de seus anteriores indicados, Christopher Waller e Michelle Bowman, votaram contra a decisão de manter a taxa de juros estável, indicando, ao invés disso, um desejo de redução das taxas. Kugler estava ausente da votação.
Trump afirmou, sem apresentar provas, que a renúncia de Kugler se deu devido a um desentendimento com Jerome Powell, presidente do Fed, sobre as taxas de juros. “Fico muito feliz” com a possibilidade de preencher uma nova vaga no Fed, declarou Trump.
Nos últimos tempos, Kugler expressou opiniões geralmente restritivas, defendendo a manutenção das taxas até que se tenha uma visão mais clara sobre o impacto das tarifas impostas por Trump na inflação.
Reação do presidente do Fed
Jerome Powell desejou boa sorte a Kugler, destacando que “ela trouxe uma experiência impressionante e insights acadêmicos para seu trabalho no Conselho”. Com a saída de Kugler, Trump tem a oportunidade de indicar uma pessoa que compartilhe suas visões sobre taxas de juros e que possa eventualmente preencher a vaga de Powell, cuja gestão termina em maio, embora ele possa optar por permanecer no cargo até 2028.
Entre os conselheiros de Trump, há especulações sobre a possível criação de um “presidente sombra”, que atuaria como um crítico dentro do conselho enquanto Powell permanece em sua posição. Essa situação levanta preocupações sobre a independência do Federal Reserve e sua capacidade de responder a pressões políticas durante um período delicado para a economia norte-americana.
Futuro do Federal Reserve
A renúncia de Kugler é um sinal do contínuo jogo de poder dentro do Federal Reserve, especialmente considerando que a política monetária dos EUA pode ser profundamente afetada por novos nomeados que seguem a linha do presidente. A indicação de novos membros do conselho, que alinhem com a estratégia de Trump, poderá alterar drasticamente as práticas e decisões do banco central, especialmente em tempos incertos como o atual.
O futuro da política monetária dos EUA continua a ser um tema de debate intenso, e as ações de Donald Trump em relação ao Federal Reserve têm implicações não apenas para a economia americana, mas também para a economia global.
Caso você deseje ler mais sobre o assunto, acesse o link original.
