Entre 1º de agosto de 2015 e 31 de julho de 2025, o Brasil registrou impressionantes 2.450 terremotos, segundo dados levantados pelo Metrópoles a partir do Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP). O número é significativo, mas a maioria dos tremores passa despercebida, diferentemente do abalo sísmico de magnitude 8,8 registrado na Rússia.
Com base nas estatísticas, é como se a cada três dias houvesse dois terremotos em território brasileiro. Contudo, devido à baixa magnitude da maioria, muitos desses eventos não são percebidos pela população, sendo registrados apenas em estatísticas técnicas.
Fatores que influenciam a percepção dos terremotos
O sismólogo Gilberto Leite, da Rede Sismográfica Brasileira (RSBR), explica que a percepção de um terremoto é influenciada por diversos fatores. “Depende do tamanho do evento, mas também, principalmente, da profundidade, da distância do centro do evento, de onde está a população. Também vai depender da geologia local e, até mesmo, da altura que as pessoas estão”, detalha Leite.
Nos dez anos analisados, os terremotos mais significativos atingiram magnitudes de 7,5 e 7,0, todos ocorrendo na área de fronteira entre Brasil e Peru. Das ocorrências, 81,2% (1.989) tiveram magnitudes inferiores a 3, o que os torna quase imperceptíveis. Durante a semana entre 27 de julho e 1º de agosto, foram registrados oito tremores com magnitudes variando de 1,9 a 2,9.
Regiões mais afetadas e suas características
Leite também aponta que é preciso cautela ao ranquear as localidades mais afetadas, visto que as regiões propensas a terremotos não seguem uma divisão geográfica uniforme. “Na região Sudeste, por exemplo, são frequentes os eventos entre Minas Gerais e São Paulo. Já na região Nordeste, Pernambuco e Rio Grande do Norte frequentemente sofrem com esses fenômenos, particularmente na área da Bacia Potiguar”, exemplifica o especialista.
Um dos tremores mais memoráveis da história do Brasil ocorreu em 1986, próximo à cidade de João Câmara (RN), sendo sentido por muitos e causando danificações em edifícios, além do deslocamento de milhares de pessoas. O tremor teve uma magnitude de 5,1 e ocorreu às 2h19.
Estabilidade sísmica do Brasil
A estabilidade do Brasil em relação a terremotos de grande magnitude se deve ao fato do país estar situado sobre uma placa tectônica e não nas proximidades dos encontros entre placas. “Dentro da placa, existem regiões que são mais suscetíveis a terremotos, que são áreas de fraqueza ou onde há um acúmulo maior de energia”, explica Gilberto Leite.
Comparação com o terremoto na Rússia
O poderoso terremoto registrado na Rússia em 30 de julho deixou o mundo em alerta, atingindo uma magnitude de 8,8. Após o evento, alertas de tsunamis foram emitidos para áreas que vão desde os Estados Unidos até o Japão, passando por Filipinas, Chile e Peru. Serviços de defesa civil se prepararam para alertar as populações que poderiam ser afetadas.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez um apelo público para que a população ficasse atenta e segura. De fato, tsunamis foram confirmados em diversas localidades, com ondas de altura e velocidade acima do normal, causando danos a várias infraestruturas, como ocorreu no Japão.
Embora o Brasil tenha registrado uma quantidade significativa de terremotos nos últimos anos, a maioria permanece invisível para a população, ressaltando a importância de monitoramento contínuo e a conscientização sobre os fenômenos sísmicos em nosso território.

