Brasil, 10 de agosto de 2025
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Ação busca barrar sanções dos EUA ao ministro Alexandre de Moraes

Ministro Cristiano Zanin do STF é o relator da ação que tenta impedir sanções financeiras ao colega Alexandre de Moraes.

Recentemente, o Supremo Tribunal Federal (STF) se tornou palco de uma contenda jurídica significativa em relação às sanções impostas pelo governo dos Estados Unidos ao ministro Alexandre de Moraes. O ministro Cristiano Zanin foi sorteado como relator da ação que visa impedir que instituições financeiras atuando no Brasil apliquem tais sanções, desencadeadas pela aplicação da Lei Magnitsky. Essa manobra legal, apresentada pelo deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), busca proteger a jurisdição constitucional brasileira e a soberania do país das interferências internacionais.

A ação no STF

Na última sexta-feira (1º de agosto), Lindbergh Farias protocolou no STF um pedido que requer liminarmente a proibição de instituições financeiras brasileiras de cumprirem qualquer determinação da legislação americana relacionada às sanções imposta a Moraes. O deputado argumenta que a decisão do governo americano não pode ter efeitos jurídicos no Brasil de forma automática, sem passar por um processo de homologação de acordo com as normas brasileiras.

“É dever do STF, como guardião da Constituição, reafirmar que nenhuma autoridade brasileira pode sofrer efeitos jurídicos dentro do território nacional por decisão estrangeira não homologada e sem amparo no ordenamento interno”, enfatizou o deputado em seu pedido.

O pedido de Lindbergh foi enviado por Zanin à Procuradoria-Geral da República (PGR), que deve se manifestar sobre o caso antes que a Corte tome uma decisão. O relator Cristiano Zanin, que preside a Primeira Turma do STF, pode agir com urgência e emitir uma decisão provisória mesmo antes do parecer da PGR.

As sanções contra Alexandre de Moraes

A sanção imposta por Donald Trump bloqueia bens e contas sob jurisdição americana, o que pode impactar instituições financeiras com operações no Brasil. Essa situação preocupa uma série de bancos internacionais, operadoras de cartão e plataformas digitais que têm vínculos com os Estados Unidos. A aplicação da Lei Magnitsky, justificada pelos EUA por meio do processo envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, levanta questões sobre a soberania jurídica do Brasil.

O contexto da Lei Magnitsky

A Lei Magnitsky permite que os Estados Unidos imponham sanções a estrangeiros acusados de violar direitos humanos ou de corrupção. Sob a justificativa de defender a democracia e chamar atenção para possíveis excessos na Justiça brasileira, o governo norte-americano lançou mão dessa lei em relação a Moraes. O ex-presidente Trump, em declarações anteriores, chegou a afirmar que a Justiça brasileira estava realizando uma “caça às bruxas” contra adversários políticos.

Com base em declarações e movimentações políticas, Lindbergh Farias ressalta a importância de garantir que decisões externas não afetem a estrutura jurídica e a autoridade das instituições brasileiras. A sua ação no STF não apenas reflete uma preocupação com a soberania do país, mas também uma defesa da independencia do judiciário brasileiro frente a pressões externas.

A postura de Moraes e a AGU

Apesar das sanções, Alexandre de Moraes decidiu não acionar imediatamente a justiça dos EUA para contestar as sanções impostas. Ele solicitou à Advocacia Geral da União (AGU) que não tomasse qualquer medida judicial neste momento, refletindo uma estratégia de cautela. Fontes ligadas ao magistrado indicam que uma desconfiança em relação aos procedimentos americanos influencia essa decisão.

Após o anúncio das sanções, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva orientou a AGU a defender Moraes, mas o próprio ministro optou por uma abordagem mais conservadora até que a situação se defina. Até agora, o entendimento na AGU é de que não há necessidade de uma ação jurídica em resposta às sanções, pelo menos até que novos desenvolvimentos ocorram.

Implicações futuras

O processo iniciado por Lindbergh Farias e a atuação do ministro Cristiano Zanin podem alterar significativamente a dinâmica das relações entre o Brasil e os Estados Unidos, especialmente no que tange a intervenções políticas e à soberania nacional. À medida que o assunto avança pelo STF, a decisão da Corte poderá estabelecer precedentes importantes em relação à aplicação de sanções externas no contexto da justiça brasileira.

As implicações para a política interna também são profundas, à medida que essa situação pode intensificar os debates sobre a autonomia do sistema judiciário e a relação do Brasil com o exterior em tempos de crescente polarização política e tensões internacionais.

O desenrolar deste caso e a postura das instituições brasileiras serão observados de perto por analistas políticos, advogados e pela população, que aguarda os próximos passos do STF em um tema que toca diretamente a integridade da soberania nacional.

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