O presidente da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (COP30), André Corrêa do Lago, anunciou na última quinta-feira (31/7) que pelo menos 25 países enviaram uma carta solicitando que a conferência não ocorra em Belém, no Pará, devido aos preços exorbitantes das diárias dos hotéis na região. O evento está programado para acontecer entre os dias 10 e 21 de novembro.
Durante a declaração, Lago afirmou que as nações participantes “manifestaram de fato e saíram a público para dizer que a questão dos preços dos hotéis é uma preocupação”. De acordo com ele, os estabelecimentos na capital paraense chegam a cobrar até dez vezes mais do que o habitual. Essa disparada nos preços acendeu um alerta entre os visitantes e delegações, que se sentiram incomodados com a possibilidade de custos elevados para hospedagem durante o evento, que deve reunir lideranças globais em torno de uma pauta tão crucial quanto as mudanças climáticas.
A resposta do governo brasileiro
Apesar das preocupações manifestadas pelas nações, Corrêa do Lago destacou que o governo brasileiro está fazendo esforços para negociar a redução dos preços junto aos hotéis da região. No entanto, ele enfatizou que a legislação atual não permite a imposição de limites de preços. “Os esforços continuam, mas eu acredito que talvez os hotéis não estejam se dando conta da crise que estão provocando”, comentou o presidente da COP30.
Além disso, foram registradas reuniões no Palácio do Planalto para discutir os desafios relacionados à hospedagem, incluindo os preços considerados abusivos, um tema abordado pela coluna do Metrópoles em recente reportagem. Caberá agora ao governo brasileiro encontrar uma solução eficaz para essas preocupações e garantir condições mais adequadas para os países participantes.
Sentimento de revolta entre países em desenvolvimento
Durante um evento organizado pela Associação de Correspondentes Estrangeiros (AIE) em parceria com o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Lago mencionou que “representantes de regiões pediram para tirar a COP de Belém”, destacando que existe um “senso de revolta, sobretudo por parte dos países em desenvolvimento” diante da alta dos preços. Esse sentimento pode impactar não apenas a participação dos países no evento, mas também a imagem do Brasil em relação à sua capacidade de sediar eventos internacionais de grande porte.
Propostas para uma COP melhor
Nesta semana, o governo brasileiro prometeu responder às preocupações levantadas pelas nações até o dia 11 de agosto, conforme informou Richard Muyungi, chefe do Grupo de Negociadores Africanos. “O Brasil tem muitas opções para ter uma COP melhor, uma boa COP. É por isso que estamos pressionando para que o Brasil dê respostas melhores, em vez de nos dizer para limitar nossa delegação”, afirmou Muyungi.
A crise provocada pelos preços elevados de hospedagem na COP30 destaca um dos muitos desafios que o evento pode enfrentar. A questão é ainda mais sensível considerando a importância da conferência para debater ações efetivas frente às mudanças climáticas e como afetarão o futuro do planeta. Em um cenário onde a colaboração internacional é vital, garantir condições razoáveis para a hospedagem dos participantes é essencial.
A possibilidade de retirada do evento de Belém
Anteriores reuniões preparatórias, como a que aconteceu em Bonn, na Alemanha, em junho deste ano, também levaram à discussão sobre a possibilidade de solicitar formalmente a retirada do evento de Belém. A insatisfação crescente em torno dos preços abusivos e a pressão internacional podem, de fato, influenciar a decisão final sobre o local do evento.
A expectativa agora é que o governo do Brasil não apenas obtenha uma resposta positiva para os países demandantes, mas que também estabeleça um compromisso de longo prazo para melhorar as condições de hospedagem em eventos futuros. Esse deslize, se não tratado adequadamente, poderá prejudicar a imagem do Brasil como um anfitrião confiável para conferências internacionais de relevância global.
Com informações da DW, parceiro do Metrópoles.