O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira (1º) que o governo federal não planeja adotar medidas de retaliação contra os Estados Unidos em resposta ao tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump. Segundo Haddad, as próximas ações terão foco na proteção da indústria e do agronegócio brasileiro, evitando ações de retaliação formal.
Proteção econômica sem retaliações formais
De acordo com o ministro, o governo busca mecanismos para “atenuar os efeitos” do tarifazo, sem usar o termo retaliação. “Nunca usamos esse verbo para caracterizar as ações que a economia brasileira vai tomar. São ações de proteção da soberania, proteção da nossa indústria, do nosso agronegócio”, declarou aos jornalistas.
Haddad ressaltou que o Brasil seguirá as normas da Organização Mundial do Comércio (OMC), que atualmente impedem tarifas discriminatórias contra países específicos. Contudo, com a nova legislação aprovada pelo Congresso, o país passa a dispor de instrumentos legais para responder a ações consideradas injustas, como o tarifazo de Trump.
Respostas possíveis e canais de defesa
O ministro reforçou que o Brasil possui canais de defesa junto à OMC e à justiça americana. “Entendemos que há canais competentes onde o Brasil pode defender seus interesses. Buscaremos também os canais diplomáticos para minimizar os impactos na economia nacional”, afirmou Haddad.
Ele afirmou ainda que a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, decretada por Trump na semana passada, apesar de elevar o custo de exportação, inclui uma lista de 700 exceções que beneficiam segmentos estratégicos como o setor aeronáutico, energético e parte do agronegócio. “Considerando essas exceções, a medida acabou sendo melhor do que o esperado, embora alguns setores ainda sofram efeitos dramáticos”, avaliou.
Impacto nas exportações e pacote de proteção
Segundo o vice-presidente Geraldo Alckmin, cerca de 35,9% das exportações brasileiras aos Estados Unidos serão afetadas pela tarifa de 50%, devido às restrições e às exceções na lista de produtos restritos. Entre as medidas de proteção, o governo está finalizando um plano para proteger empregos e setores vulneráveis às sobretaxas americanas, que deve ser lançado nos próximos dias.
Haddad confirmou que o pacote de proteção incluirá linhas de crédito específicas aos setores mais impactados. “Vamos analisar caso a caso e, dependendo da situação, aplicar medidas de apoio, incluindo a proposta de restabelecer um plano de proteção de empregos inspirado na época da pandemia de Covid-19, que envolvia o pagamento parcial ou integral de salários”, explicou.
Compromisso com o equilíbrio fiscal
O ministro da Fazenda reforçou que as ações de auxílio às empresas afetadas serão alinhadas ao arcabouço fiscal, evitando impacto nas metas fiscais do governo. “Nossa proposta é que o auxílio não exija alterações na regra de gastos, operando dentro do marco fiscal já estabelecido”, afirmou Haddad, destacando que o objetivo é proteger empregos e setores sem comprometer a estabilidade das contas públicas.
O governo ainda deve divulgar oficialmente o pacote nas próximas semanas, buscando equilibrar defesa de interesses comerciais e respeito às normas internacionais, mantendo uma postura de diálogo com os Estados Unidos e a comunidade internacional.
Para mais detalhes, leia a matéria completa no site do G1.