A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou nesta sexta-feira (1º) que o governo federal prepara uma lista de ações para conter o impacto das tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, prevista para ser divulgada no início da próxima semana. O objetivo é evitar danos à economia e às empresas afetadas pelo decreto do presidente americano, Donald Trump, que elevou para 50% a alíquota sobre exportações do Brasil.
Ações planejadas para proteger a economia brasileira
Segundo Gleisi, o pacote de contingência poderá incluir a abertura de novos mercados e a criação de linhas de crédito especiais. Outra alternativa mencionada pela ministra foi a compra de produtos pelo governo para distribuição em programas públicos, como merenda escolar e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). “Tem que analisar caso a caso. Algumas empresas podem redirecionar suas vendas para o mercado interno, enquanto outras talvez sejam mais beneficiadas com a aquisição pelo governo para consumo interno”, explicou em entrevista à BandNews TV.
Reações de governadores e iniciativa do Ceará
O governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), revelou que levou uma sugestão semelhante ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Segundo ele, a proposta de aquisição de produtos exportados para os EUA foi bem recebido pelo ministro. “Queremos ampliar essa possibilidade de compra pelo governo, seja do estado ou do município”, declarou Elmano à imprensa.
Ainda sem decisão final
Gleisi Hoffmann ressaltou que o presidente Lula ainda não definiu as medidas concretas, que deverão ser submetidas à sua avaliação nos próximos dias. “Tudo o que estamos conversando visa proteger a economia e os trabalhadores brasileiros, sem pensar em retaliações ou vinganças. O foco é evitar desemprego e manter a produção das empresas”, afirmou. Ela destacou que as ações envolverão abertura de novos mercados, linhas de crédito e a possibilidade de o governo adquirir produtos para consumo interno, tudo para resguardar empregos e renda.
Contexto das tarifas americanas e respostas do governo
Na quarta-feira (30), Trump assinou decreto que aumentou para 50% as tarifas sobre produtos brasileiros, incluindo uma lista de 700 exceções beneficiando setores estratégicos como o aeronáutico, energético e parte do agronegócio. Apesar da medida, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, considerou a decisão dos EUA mais favorável do que o esperado, devido às exceções. Entretanto, ele destacou que há setores enfrentando dificuldades dramáticas por causa do tarifão.
Estima-se que aproximadamente 35,9% das exportações brasileiras para os EUA serão afetadas pela tarifa de 50%, segundo o vice-presidente Geraldo Alckmin, considerando que 45% dos produtos foram excluídos da lista de aumento, além de setores como aço, alumínio, automóveis e autopeças, que já tinham alíquotas elevadas.
Medidas de proteção aos setores afetados
O governo está elaborando um pacote de apoio às indústrias e à agricultura nacional, com linhas de crédito específicas e ações estratégicas de proteção ao emprego, incluindo uma possível retomada de ações similares às empregadas durante a pandemia de COVID-19. “Vamos analisar caso a caso e decidir as medidas que possam proteger o máximo possível a economia, sem ultrapassar os limites do arcabouço fiscal”, afirmou Haddad.
O ministro da Fazenda informou que o pacote deve ser anunciado ainda nesta semana, com ações que visam garantir a manutenção de empregos e a continuidade das atividades produtivas, mesmo diante do impacto das tarifas americanas. O objetivo é criar mecanismos que permitam à indústria e ao setor agrícola resistir ao tarifão de Trump, sem prejudicar as contas públicas.