Durante sua visita a Roma com um grupo de jovens sírios que fugiram para a Europa em decorrência do conflito civil que teve início em 2011, frei George Jallouf, frade franciscano da Custódia da Terra Santa, trouxe à tona as dificuldades enfrentadas pela Paróquia de São Francisco de Assis em Aleppo, ao mesmo tempo em que falou sobre o “milagre diário” de uma comunidade cristã que se mantém firme na fé e esperança.
Jovens refugiados: vigilantes da esperança
Com o objetivo de participar do Jubileu na cidade, frei George trouxe consigo, em um gesto simbólico e impactante, os “filhos da diáspora”, como ele os denomina. Estes jovens, que atualmente residem na Alemanha, França, Bélgica e Suécia, são exemplos de resiliência e força, e se reúnem sob a sombra do Palazzo Pio, sede da mídia do Vaticano, onde orgulhosamente levantam a bandeira de sua terra natal.
“Os sírios, no momento, não podem vir facilmente devido a complicações com o visto”, explica frei George, que se tornou um elo de ligação entre os que ficaram e os que foram. Dentre suas funções, está o pedido de muitos: “Eles me pediram para acender uma vela por eles e levá-los comigo até a Porta Santa”. E foi exatamente isso que ele fez, tirando fotos e enviando mensagens, levando a certeza de que seus compatriotas estão com ele, ainda que à distância.
Desafios diários em Aleppo
Enquanto isso, na Síria, a situação continua complicada. “A situação em Aleppo está relativamente calma”, conta frei George, “mas após os últimos ataques em Damasco, o medo voltou a reinar nos corações dos fiéis”. Como uma forma de proteção, medidas de segurança foram reforçadas durante as celebrações religiosas, com a presença de homens nas portas das igrejas. Contudo, mesmo diante de tanta adversidade, a comunidade cristã continua vibrante, composta por mais de 1.200 jovens que, ativamente, participam de um programa de catecismo que abrange desde o jardim de infância até o ensino médio. “É uma verdadeira graça, um milagre cotidiano”, afirma o frade.
Ao retornar à Síria, frei George levará consigo os rostos, as palavras e a bênção de Roma. “O Senhor está conosco. A esperança não desilude. E somos chamados a ser essa esperança, todos os dias, para aqueles que encontramos”, ressalta o frade, firmando seu compromisso com a fé e com seu povo.
Rezem pela paz no Oriente Médio
A presença dos jovens sírios no Jubileu é marcada por um sentimento de esperança e orgulho. “Só o fato de estar aqui e representar a Síria já é motivo de orgulho”, diz um deles. “Estamos verdadeiramente felizes. E rezamos para que, um dia, haja paz em todos os países do mundo”. Outro jovem compartilha esse sentimento, enfatizando a importância de sua presença não só para a Síria, mas para todo o Oriente Médio. “Há tantos jovens cristãos maravilhosos lá, com uma fé tremenda”, afirma, refletindo sobre o desejo coletivo de levar a voz de seus irmãos que ainda permanecem em sua terra natal.
Com uma esperança renovada e orações fervorosas em nome dos que estão longe, eles expressam o desejo de que essa experiência em Roma não só ofereça alívio, mas também a possibilidade de retorno e paz duradoura. “Rezamos acima de tudo para que o Senhor um dia lhes dê a oportunidade de vir e viver esta experiência”, concluem, reforçando o desejo de que outros possam sentir o mesmo amor e compaixão que eles experimentaram durante o Jubileu.
Para aqueles que se encontram em meio ao conflito, a mensagem de fé e esperança trazida por frei George e pelos jovens sírios simboliza mais do que resistência: é a luz necessária para iluminar os caminhos em um futuro incerto.