O mundo do esqui francês foi abalado por graves acusações contra o ex-esquiador Joël Chenal, famoso por sua medalha de prata no slalom gigante nos Jogos Olímpicos de Turim, em 2006. Ele teve sua licença profissional suspensa e está proibido de atuar como treinador na França, após denúncias de assédio sexual envolvendo atletas menores de idade que vieram à tona.
A suspensão do treinador pela Federação Francesa de Esqui
A Federação Francesa de Esqui (FFS) anunciou a suspensão provisória de Chenal no final de julho, após a publicação de uma reportagem do jornal Le Monde. O artigo revelou histórias de pelo menos 12 mulheres que se apresentaram como vítimas de conduta inadequada por parte do ex-esquiador entre 2005 e 2021, quando muitas delas ainda eram menores de idade.
As denúncias não são apenas denúncias isoladas; elas formam um padrão alarmante de comportamento inapropriado. As jovens relataram que Chenal enviou mensagens insinuantes e fez convites impróprios. Além disso, o ex-treinador negou ter cometido quaisquer atos de assédio físico, afirmando que nunca ultrapassou os limites durante encontros presenciais com as vítimas.
Reações das autoridades e medidas restritivas
Um desdobramento significativo das investigações é a ordem administrativa de urgência emitida pela prefeitura de Saboia, que proíbe Chenal de atuar no centro de treinamento Silver Ski Team, em La Rosière, onde ele possuía uma carteira profissional de instrutor válida até o momento. Essa ação implica na imediata suspensão de suas atividades como técnico no país.
Conforme relatado por A Bola, as testemunhas revelaram que Chenal iniciou seu assédio de maneira gradual, começando com mensagens nas redes sociais e convites para sua casa, além de ofertas de presentes em troca de encontros. Esse comportamento perturbador começou a ser dirigido a meninas que tinham apenas 11 ou 12 anos. Em muitos casos, foi somente após a descoberta de mensagens nos celulares das jovens que as famílias começaram a romper o silêncio e relatar as situações abusivas.
Depoimentos impactantes de vítimas
Um dos relatos mais impactantes veio de Solène C. (nome fictício), que descreveu ter sido abordada por Chenal quando ainda estava no 6º ano, afirmando que seu comportamento suscitou desconfiança e desencadeou uma série de outros relatos. “Depois percebi que ele tinha ajudado outras meninas, que havia sido protegido por muitos durante anos. Em La Rosière todos sabiam o que acontecia,” revelou a ex-atleta, enfatizando o clima de silêncio e cumplicidade que envolvia a situação.
Chenal, que comandou a equipe nacional feminina de esqui entre 2013 e 2017 e fundou sua própria escola de esqui em 2022, tentou justificar suas ações dizendo que estava “tentando reparar os erros do passado”. Porém, as denúncias sugerem que seus comportamentos se alicerçavam em um padrão sistêmico de abuso, sustentado por sua posição de autoridade no esporte.
Reflexões sobre abuso no esporte
O caso de Joël Chenal é mais um triste capítulo em uma série de denúncias de assédio e abuso sexual que têm surgido nos âmbitos esportivo e cultural nos últimos anos. A situação levanta questões alarmantes sobre a proteção de jovens atletas e a responsabilidade das instituições em prevenir e combater abusos. A resposta à denúncia de Chenal poderá, de fato, enviar uma mensagem clara de que essa cultura de silêncio e proteção a abusadores não será tolerada.
As vozes das vítimas, agora mais do que nunca, são cruciais. É fundamental que tanto as autoridades esportivas quanto as sociais se unam para criar um ambiente seguro e saudável para todos os atletas, especialmente para os mais vulneráveis. Nos próximos meses, acompanhar como a FFS e a justiça francesa lidarão com esse incidente pode ajudar a moldar uma nova era de cobrança e responsabilidade no mundo do esporte.