Brasil, 1 de agosto de 2025
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Uso de tarifas por motivações políticas ameaça Estado de Direito, dizem especialistas

Juristas dos EUA criticam decreto de Trump que usa lei de emergência para impor tarifas ao Brasil, considerando prática ilegal e perigosa

Especialistas dos Estados Unidos afirmam que a utilização de medidas tarifárias por motivações políticas coloca em risco o Estado democrático de direito. A denúncia foi feita após o anúncio, por parte da Casa Branca, de um decreto que estabelece a taxação de 50% para produtos brasileiros, com uma lista de exceções. Advogados americanos destacam a ilegalidade da regra, alegando que o decreto utiliza uma legislação de emergência de forma irregular para justificar a política comercial dos EUA.

Decreto e justificativas questionadas na Justiça americana

No documento divulgado na quarta-feira, a Casa Branca alegou que a tarifa estaria embasada em supostas violações aos direitos e liberdades de expressão de empresas e cidadãos americanos, além de uma alegada perseguição do Judiciário brasileiro ao ex-presidente Jair Bolsonaro. No entanto, especialistas afirmam que essas justificativas não justificam uma medida de tamanha magnitude.

Críticas jurídicas ao uso da Lei de Emergência

Para o jurista Ilya Somin, professor de Direito na George Mason University, o decreto reforça o poder excessivo que Donald Trump reivindica sob a Lei de Poderes Econômicos Internacionais de Emergência Nacional (Ieepa). “Isso reforça a ilegalidade de suas ações, pois a acusação contra Bolsonaro não representa uma ameaça incomum ou extraordinária à segurança nacional, à política externa ou à economia dos Estados Unidos”, afirma Somin.

Processos judiciais contra tarifas adotadas por Trump

Atualmente, há ações judiciais nos Estados Unidos questionando a legalidade das tarifas impostas com base na Ieepa. Uma decisão do fim de maio suspendeu as tarifas anunciadas por Trump, mas o governo recorreu e um tribunal federal está analisando o caso, com previsão de decisão nos próximos meses. Caso a decisão seja desfavorável, o processo pode chegar à Suprema Corte.

Perspectivas e críticas ao decreto de Trump

Daniel Cannistra, sócio do escritório Crowell & Moring, reforça que todas as tarifas impostas com base na Ieepa são ilegais, já que a legislação não prevê esse uso específico. “Como todas as outras tarifas com base na Ieepa, esta também é ilegal”, afirma. Somin acrescenta que a possibilidade de o presidente impor tarifas por “razões absurdas” equivale a uma delegação ilimitada de poder ao Executivo, o que viola princípios constitucionais.

Risco para o Estado de Direito e consequências políticas

Somin advertiu que a tentativa de Trump de usar a política tarifária para punir o Brasil por questões políticas evidencia uma ameaça ao Estado de Direito. “Políticas tarifárias devem seguir regras claras e não podem ser usadas para punir inimigos políticos ou recompensar aliados”, ressalta.

Motivações adicionais: ações contra o Brasil e big techs

O decreto também cita a conduta do Brasil em relação às grandes plataformas de tecnologia como uma justificativa para tarifas. Para isso, os Estados Unidos utilizam a Seção 301, que exige uma investigação para verificar práticas prejudiciais às empresas americanas. Segundo Somin, a questão da censura nas redes sociais, por exemplo, não constitui uma ameaça tão grave à segurança ou economia dos EUA assim como alegado pelo governo americano.

Daniel Cannistra lembra que nenhuma ação judicial relevante foi movida contra o Brasil nesse setor, o que reforça a fragilidade legal do argumento americano para a adoção de tarifas.

Impactos e próximos passos

O caso das tarifas impostas por Trump está em julgamento em um tribunal federais, e a decisão final pode levar meses. A possibilidade de recurso à Suprema Corte mantém a questão em aberto, alimentando incertezas nas relações comerciais internacionais.

Para os especialistas, o episódio reforça a importância de que políticas tarifárias sejam fundamentadas em regras claras, evitando abusos de poder que podem comprometer o respeito às normas democráticas e ao Estado de Direito.

Fonte: O Globo

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