A partir de 6 de agosto, entra em vigor nos Estados Unidos uma tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras de tilápia, considerada uma das principais espécies de peixe comercializadas pelo país. Embora a sobretaxa seja paga pelas empresas americanas, ela pode indiretamente afetar os preços no mercado brasileiro, segundo especialistas.
Impacto no setor de tilápia e nos consumidores brasileiros
De acordo com economistas ouvidos pelo g1, se as vendas de tilápia para os Estados Unidos forem interrompidas, sobrará mais peixes no Brasil, o que deve gerar uma queda nos preços. O setor depende massivamente do mercado norte-americano, que absorve 90% do volume exportado, e precisará direcionar a produção excedente ao mercado interno.
Francisco Medeiros, presidente da Associação Brasileira de Piscicultura (PeixeBR), afirma que essa mudança tende a ampliar a oferta de tilápia nos supermercados, pressionando os preços para baixo. Além disso, ele destaca que o momento ocorre em um período de retração nas vendas internas, após a Semana Santa e com a chegada do inverno.
Perspectivas para o mercado de tilápia no Brasil
O analista de mercado Matheus Do Ville Liasch, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP), explica que o efeito do tarifão será gradual, começando pela redução dos valores pelos produtores, seguida pelos frigoríficos e, posteriormente, pelos varejistas e atacadistas. Contudo, a indústria de pescado demonstra preocupação com o cenário.
Segundo Eduardo Lobo, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Pescado (Abipesca), absorver toda a produção que deixará de ser exportada para os EUA não é viável economicamente. Ele aponta que essa estratégia poderia tornar o produto brasileiro inviável no mercado interno, além de potencialmente elevar os preços no médio e longo prazo, caso a produção seja reduzida.
Desafios e cautelas no cenário atual
O setor de pesca brasileira enfrentava dificuldades mesmo antes da implementação da tarifa, com vendas internas retraídas devido à menor procura após o período da Semana Santa e ao inverno. A substituição dos EUA por outros mercados é uma possibilidade, mas ainda não está consolidada, o que pode ampliar ainda mais os efeitos negativos sobre os preços.
Especialistas reforçam que, embora haja expectativa de queda nos preços no curto prazo, a reação do mercado será lenta e difícil de prever, com alterações gradativas dependendo do comportamento dos produtores, frigoríficos e varejistas brasileiros.
Para o consumidor, a expectativa é que o preço da tilápia no Brasil possa diminuir temporariamente, mas a longo prazo, qualquer ajuste dependerá do equilíbrio entre oferta e demanda no mercado interno e de possíveis oscilações internacionais. Mais detalhes sobre o impacto da tarifa podem ser acompanhados na matéria do g1.