O governo brasileiro inicia, nesta quinta-feira (31/07), discussões sobre as respostas à nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros. A medida, oficializada na quarta-feira (30) pelo presidente Donald Trump, foi justificada por motivos de segurança nacional e por alegações relacionadas aos direitos humanos.
Entenda o tarifaço contra o Brasil
- O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a tarifa de 50% sobre produtos exportados do Brasil.
- A nova alíquota de 50% é composta por uma tarifa de 10% que já havia sido anunciada em abril, acrescida de mais 40% influenciada por novos fatores.
- Apesar da nova taxa, cerca de 700 produtos foram isentos, incluindo suco de laranja, aeronaves e minérios, que continuarão a ser tarifados apenas com a alíquota de 10%.
- A previsão é de que a tarifa entre em vigor a partir de agosto.
Fontes do governo brasileiro indicam que a reunião de hoje tem o objetivo de definir respostas efetivas à medida imposta pelos EUA, considerando diferentes cenários econômicos. Os Ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) estão realizando um levantamento detalhado sobre os impactos que a tarifa terá em cada setor da economia nacional.
O vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, deve apresentar ainda hoje uma análise preliminar sobre os efeitos da nova taxa nas exportações brasileiras. Essa análise será crucial para que o governo defina as primeiras ações a serem tomadas diante dessa nova realidade comercial.
Pautas específicas por setor
É esperado que as medidas propostas sejam específicas para cada setor, ao invés de um plano abrangente. O foco será no atendimento das necessidades de cada segmento econômico afetado, com a possibilidade de oferecer compensações, incentivos ou apoio às exportações para os setores mais impactados. O governo brasileiro também mantém a opção de buscar novos diálogos comerciais com os Estados Unidos.
Reunião de emergência e reações do governo
As discussões de hoje são um desdobramento de uma reunião de emergência realizada na quarta-feira (30), convocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O encontro, que durou cerca de uma hora, teve como foco a análise da ordem executiva de Trump. Participaram da reunião o vice-presidente Geraldo Alckmin, os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil), Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) e Jorge Messias (Advocacia-Geral da União), com a representação do chanceler Mauro Vieira, que estava em missões nos Estados Unidos.
Ainda que a situação seja grave, a reunião não teve como objetivo definir medidas concretas, mas sim alinhar a resposta do governo brasileiro perante a nova configuração comercial.
Impacto parcial e a reação do Planalto
O governo brasileiro acredita que o impacto das novas tarifas pode ser menos severo do que se imaginava inicialmente, já que cerca de 700 produtos foram excluídos da nova taxação. Entre os itens com isenção estão sucos de laranja, minério de ferro, combustíveis e produtos da indústria aeronáutica, o que beneficia empresas como a Embraer.
Fontes do governo citam que a exclusão de diversos produtos pode ter sido uma medida para evitar um impacto inflacionário nos Estados Unidos.
Além disso, o Planalto expressou sua insatisfação pela falta de resposta da Casa Branca a uma carta enviada em 16 de maio, onde o Brasil sinalizava sua disposição para negociações. O governo brasileiro tinha esperanças de um diálogo positivo até essa data, mas não houve retorno por parte da administração Trump.
Justificativa da imposição das tarifas
A nova tarifa dos EUA se fundamenta na Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA), de 1977, que declara uma nova “emergência nacional” em relação ao Brasil. Na ordem executiva, o governo Trump acusa o Brasil de violar direitos humanos, de uma suposta perseguição política ao ex-presidente Jair Bolsonaro e de enfraquecer o Estado de Direito, pontos que o governo brasileiro refuta.
Com essas questões em jogo, o Brasil enfrenta um cenário desafiador e complexo, onde as decisões a serem tomadas nos próximos dias serão determinantes para o futuro econômico do país.