Diante da hesitação do ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), em assumir uma candidatura ao governo de Minas Gerais, membros do Partido dos Trabalhadores (PT) vêm ensaiando uma reaproximação com o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (sem partido). Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que busca montar um palanque competitivo no estado em 2026, já sinalizaram disposição em apoiar Kalil. O ex-prefeito avalia um novo lançamento como candidato a governador, após sofrer uma derrota no primeiro turno para Romeu Zema (Novo) em 2022.
A pressão do PT por Pacheco
O movimento de petistas visa ampliar a pressão para que Pacheco embarque na candidatura. Para que Kalil se torne um “plano B” de Lula, no entanto, ainda é necessário desarmar resistências tanto do ex-prefeito quanto do presidente, ambos descontentes com o saldo da aliança montada em 2022, que resultou em opções divergentes na eleição municipal de 2024. Enquanto Pacheco hesita, interlocutores do presidente destacam que Kalil demonstra mais disposição em entrar na corrida eleitoral e pode se posicionar como um “anti-Zema”, adversário de Lula.
Possíveis alianças e resistências
Kalil já foi sondado sobre a possibilidade de abrir um palanque a Lula em 2026 pela prefeita de Contagem, Marília Campos (PT). Ela, que também se declara a favor de uma aliança com Pacheco, é cotada para disputar uma vaga ao Senado. O vereador de Belo Horizonte, Pedro Rousseff (PT), sobrinho-neto da ex-presidente Dilma, também vê com bons olhos uma aproximação com Kalil.
No entanto, em entrevista à TV Band, Kalil afirmou que não pretende se apresentar como “candidato do Lula” em 2026, citando descontentamento com a empreitada de 2022. Além disso, há a questão da proximidade de Lula com o ex-senador Alexandre Silveira (PSD-MG), atual ministro de Minas e Energia, com quem Kalil teve atritos durante a campanha anterior. Apesar disso, interlocutores de Kalil afirmam que ele não descarta alianças com quem se posicione contra Zema.
A incerteza das alianças
Kalil ressaltou que “seria uma precipitação” definir alianças e sua própria filiação partidária a um ano da eleição estadual. Ele deixou o PSD no ano passado e está avaliando a possibilidade de se filiar ao Republicanos, que hoje está preparando o lançamento do senador bolsonarista Cleitinho Azevedo (MG) na disputa.
“Quero gente séria do meu lado. Conheci muito pilantra aqui e nacionalmente, gente cretina e sem palavra. Na hora certa, vamos dar nome aos bois”, afirmou Kalil.
O histórico de tensões entre Kalil e Lula
Além do incômodo de ambas as partes com o resultado da última eleição ao governo, a relação entre Kalil e Lula sofreu um abalo quando o ex-prefeito não compareceu a um jantar oferecido ao petista em Belo Horizonte, no início do ano passado. Naquele momento, Kalil também afastou-se de outros aliados de Lula em Minas, incluindo Pacheco, com quem restabeleceu laços posteriormente.
No cenário da próxima eleição, em 2024, enquanto o PT apoiou no segundo turno a reeleição do prefeito Fuad Noman (PSD), Kalil se manteve distante do antigo vice. O desconforto entre Kalil e Noman se deu, em parte, pela nomeação de aliados de Zema na prefeitura.
O discurso de Kalil como oposição a Zema
O temperamento “esquentado” de Kalil é considerado por interlocutores de Lula como um fator de incerteza para uma eventual aliança. No entanto, em entrevistas recentes, Kalil tem calibrado um discurso de oposição a Zema, que planeja eleger como sucessor o atual vice-governador, Mateus Simões (Novo). O ex-prefeito criticou o alinhamento excessivo de Zema ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e vem apontando promessas de campanha descumpridas pelo atual governador.
Esse discurso tem agradado os aliados de Lula, que veem a “estadualização” como uma estratégia mais segura em Minas, dado que em 2022, o atual presidente venceu Bolsonaro por uma margem de apenas 0,4 ponto percentual no estado.
Recordando conquistas passadas
Além de listar suas entregas como prefeito, Kalil tem buscado lembrar conquistas de sua gestão como presidente do Atlético-MG, entre 2008 e 2014, quando o clube conquistou a Libertadores em 2013. Atualmente, o Atlético vive uma crise financeira, embora Kalil tenha rompido com Rubens Menin, dono da construtora MRV e principal acionista do clube na atualidade.
Conforme as articulações políticas avançam, o cenário eleitoral em Minas promete ser dinâmico, com a busca por alianças e reforços que atendam aos interesses de todas as partes envolvidas. Enquanto isso, a indecisão de Pacheco pode abrir novas possibilidades no tabuleiro político do estado.