As montadoras sediadas no Brasil apoiaram a decisão do governo de antecipar para janeiro de 2027 o aumento da alíquota de importação de veículos elétricos e híbridos desmontados para 35%, em substituição à previsão original para 2028. A medida faz parte de uma estratégia de favorecer a instalação de fábricas no país e fortalecer a cadeia produtiva nacional.
Reação das montadoras e disputa pelo mercado brasileiro
As montadoras, incluindo Toyota, General Motors, Volkswagen e Stellantis, alegaram que o avanço na tarifa representaria uma competição mais justa e segurança para seus investimentos. O apoio ao ajuste foi confirmado pelo presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Igor Calvet, que destacou que a decisão é o “máximo aceitável” sem comprometer investimentos atuais e futuros.
Segundo o governo, o aumento gradual visa também equilibrar a disputa com a fabricante chinesa BYD, líder em veículos elétricos no Brasil, que vem crescendo rapidamente com novas fábricas no país, como em Camaçari (BA).
Decisão parcial e medidas de importação
Nessa semana, o Comitê Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex) decidiu aplicar cotas adicionais de importação com alíquota zero para veículos desmontados (CKD) e semidesmontados (SKD) por seis meses, no limite de US$ 463 milhões. Essa estratégia visa apoiar o desenvolvimento da cadeia produtiva doméstica e ampliar as tecnologias disponíveis para o consumidor brasileiro.
Apesar do avanço na tarifa, o governo não atendeu integralmente ao pedido da BYD de reduzir a alíquota enquanto conclui a construção de sua fábrica em Camaçari. A companhia chinesa argumenta que não faz sentido pagar a mesma tarifa de veículos prontos que de carros desmontados.
Contexto da disputa de mercado
O movimento ocorre em meio a uma disputa crescente entre fabricantes tradicionais e novas entradas, especialmente a BYD, que aposta na expansão acelerada com preços competitivos e fábricas em construção. Em carta de junho, essas montadoras solicitaram ao presidente Lula a limitação das importações para evitar prejuízos ao setor, enquanto a BYD denunciou estar sofrendo chantagem por parte das concorrentes.
“Agora, chega uma empresa chinesa que acelera fábrica, baixa preço e coloca carro elétrico na garagem da classe média, e os dinossauros surtam”, afirmou a BYD.
Impactos da política tarifária e planos futuros
Desde 2023, veículos elétricos e híbridos importados não pagavam tarifas, enquanto carros a combustão chegavam com uma tarifa de 35%. O governo adotou uma estratégia de transição que eleva gradualmente essa tarifa, até alcançar 35% em 2028, incentivando a instalação de fábricas no Brasil, como as da GWM em Indianópolis (SP) e da própria BYD em Camaçari.
Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, afirmou que a política vem gerando resultados positivos, com novas fábricas e empregos sendo criados no país. “Estamos fortalecendo a cadeia automotiva nacional e trazendo inovação tecnológica para o mercado”, destacou.
A decisão de antecipar a alíquota para 2027 demonstra uma tentativa de equilibrar interesses e incentivar a competitividade, sem prejudicar os investimentos já estabelecidos no Brasil.
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