A recente pesquisa do Datafolha, divulgada na última quinta-feira, trouxe à tona uma perspectiva interessante sobre a relação entre o Brasil e os Estados Unidos, marcada pelo posicionamento controverso do presidente americano Donald Trump referente ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. De acordo com o levantamento, 57% dos brasileiros acreditam que Trump está errado em sua solicitação para que o Judiciário brasileiro suspenda o processo contra Bolsonaro. Essa opinião contrasta com 36% dos entrevistados que consideram que Trump está correto, e 7% que não souberam opinar.
a pesquisa e seus resultados
O Datafolha conduziu 2.004 entrevistas em 130 municípios entre os dias 29 e 30 de julho, e a margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou menos. A pesquisa foi motivada pelo aumento na tensão entre Brasil e Estados Unidos, especialmente após o anúncio de Trump sobre a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, que ele associou diretamente ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.
opinião entre apoiadores de bolsonaro
Curiosamente, o cenário muda significativamente entre os apoiadores de Bolsonaro. Na amostra dos eleitores que votaram no ex-presidente em 2022, aproximadamente dois terços (66%) acreditam que Trump está correto em sua posição. Neste grupo, apenas 28% afirmam que ele está errado, enquanto 6% não souberam opinar.
polarização entre eleitores
A pesquisa também revelou uma clara divisão de opiniões entre os apoiadores dos líderes políticos brasileiros. Entre os apoiadores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), um impressionante 82% considera que Trump está errado, com apenas 13% apoiando sua posição. Esse abismo na percepção demonstra a polarização política que permeia a sociedade brasileira atualmente.
percepção sobre a perseguição a bolsonaro
Adicionalmente, o Datafolha questionou se os entrevistados acreditavam que Bolsonaro está sendo perseguido e injustiçado pelo Judiciário. Os resultados mostraram que 50% dos brasileiros não concordam com essa afirmação, enquanto 45% acreditam que ele realmente sofre perseguição. O restante (5%) não soube opinar.
A análise da pesquisa revela que, no contexto de gênero, 48% dos homens acreditam que Bolsonaro é alvo de perseguição, enquanto entre as mulheres esse número cai para 41%. Entre os jovens de 16 a 24 anos, a percepção de que Bolsonaro está sendo perseguido é de 37%.
divisão por classe social
Outro critério interessante abordado pela pesquisa foi a divisão por renda. Com 59%, a maioria das pessoas que recebem entre cinco e dez salários mínimos acredita que Bolsonaro sofre perseguição. Em contraste, essa percepção diminui entre as classes mais baixas, com apenas 42% daqueles que ganham até dois salários mínimos e 45% entre aqueles que recebem entre dois e cinco salários mínimos acreditando na mesma perspectiva.
implicações jurídicas para bolsonaro
As complexidades do caso de Jair Bolsonaro vão além das opiniões públicas. Os processos judiciais em que ele está envolvido podem resultar em consequências graves. Em março, o Supremo Tribunal Federal (STF) acolheu a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) e tornou Bolsonaro réu acusado de tentar dar um golpe de Estado, respondendo por cinco crimes graves, incluindo tentativas de abolição violenta do Estado democrático de direito.
as chances de condenação
No contexto jurídico, somente após o julgamento pelo STF é que Bolsonaro e os outros réus poderão ser presos, dependendo do resultado da ação penal. Especialistas indicam que Bolsonaro, ao ser acusado de cinco crimes, poderia enfrentar uma pena de até 43 anos. No entanto, a expectativa é que, caso seja condenado, a pena seja inferior a 14 anos.
A execução da pena, caso ocorra, só se dará após o esgotamento de todos os recursos, mas a possibilidade de uma prisão preventiva ainda está em análise, dependendo das circunstâncias.
conclusão
Os dados apresentados pelo Datafolha não só indicam a forte discordância do povo brasileiro em relação à posição de Donald Trump sobre o julgamento de Jair Bolsonaro, mas também revelam uma sociedade polarizada, com divisões claras entre apoiadores de diferentes líderes. As implicações jurídicas que se desenrolam a partir dessa situação continuarão a impactar a política brasileira nos próximos anos.