A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) prepara o próximo leilão de transmissão, marcado para outubro, com 11 lotes em 13 estados do Brasil. O certame, que prevê investimentos de R$ 7,67 bilhões, visa reforçar a infraestrutura no Nordeste, Rio Grande do Sul e Paraná, regiões que sofreram com enchentes e sobrecargas na última temporada de chuvas. Ao todo, estão previstas a construção de 1.178 quilômetros de novas linhas de transmissão.
Expansão da rede de transmissão e investimentos previstos
Segundo o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE), até 2034 serão destinados cerca de R$ 128,6 bilhões à ampliação da infraestrutura de transmissão, incluindo a construção de aproximadamente 30 mil quilômetros de linhas. Mário Miranda, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Transmissão de Energia (Abrate), destacou que 90% dos projetos já estão licitados ou em fase de preparação, evidenciando avanço em relação ao prazo estipulado pelo plano decenal.
Desafios na infraestrutura e riscos de apagões
O crescimento das fontes renováveis de energia, especialmente solar e eólica, tem gerado gargalos na transmissão. Um relatório do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) aponta que 11 estados estão em risco de sobrecarga na rede, o que pode levar a apagões. Entre eles estão Bahia, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia e São Paulo.
Para mitigar esses riscos, o governo debruça-se sobre melhorias na interligação entre o Nordeste e o Sudeste, maior centro de consumo do país. Luiz Fernando Vianna, presidente da Delta Energia, afirma que a ampliação da conexão é fundamental para evitar cortes de geração e garantir o escoamento de energia produzida na região Nordeste.
O papel das fontes renováveis e os cortes de geração
A expansão de parques eólicos e solares sofre com cortes de geração impostos pelo sistema elétrico, especialmente quando há excesso de oferta devido ao aumento da incidência de vento e sol. Essa situação é agravada pela insuficiência de linhas de transmissão que ligam o Nordeste ao restante do país.
O governo anunciou, em abril, medidas para reduzir os impactos desses cortes, incluindo a preparação de estudos que avaliem a integração de cargas de hidrogênio na região Nordeste, consolidando projetos que aumentem a capacidade de transmissão e o uso de novas fontes de energia, como indica o Ministério de Minas e Energia.
Perspectivas para o leilão de outubro e possíveis impasses
A previsão é de que o leilão aconteça em meio a processos de caducidade de contratos que, somados, representam aproximadamente R$ 3 bilhões em obras. Ainda há incertezas quanto à realização do certame, devido ao elevado índice de judicializações no setor elétrico. Segundo o advogado Fabiano Gallo, especialista em energia, é provável que os lotes sejam licitados, mesmo com entraves jurídicos, mas a possibilidade de recursos no Judiciário não pode ser descartada.
O leilão de outubro representa uma etapa importante na expansão de linhas de transmissão no país, contribuindo para a modernização e segurança do sistema elétrico brasileiro, especialmente diante do crescimento de fontes renováveis e dos desafios de infraestrutura.
Para mais detalhes, acesse a fonte original.