O recente fechamento da maternidade do Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM) em São Paulo pegou de surpresa gestantes que fizeram todo o pré-natal na unidade. Com a decisão, as futuras mães agora precisarão dar à luz em um hospital terceirizado, localizado a mais de 20 quilômetros de distância da unidade onde realizaram o pré-natal. A prefeitura paulista afirma que a mudança visa melhorar o atendimento, mas muitas usuárias do serviço expressaram insegurança e descontentamento.
Mudanças no atendimento obstétrico
A Secretaria Municipal da Saúde garantiu que o pré-natal continuará sendo realizado no HSPM, mas os partos será feitos no Hospital Saint Patrick, uma unidade particular contratada pela prefeitura e situada na Vila Jaguara, Zona Oeste de São Paulo. Essa nova realidade preocupa gestantes, que temem a distância e a dificuldade de acesso a um atendimento que consideram mais adequado.
A professora Ludmila Marques, servidora da rede municipal, relata a frustração que sentiu ao receber a notícia do fechamento da maternidade a menos de um mês do seu parto, programado entre 1º e 3 de agosto. “Foi uma grande surpresa, uma decepção, né? Não esperava, acredito que ninguém esperava. A forma que foi e a transição”, desabafou a professora. Ela tem diabetes e já realiza acompanhamento médico complexo, o que a deixou ainda mais preocupada com a mudança para uma nova unidade.
Relatos de gestantes sobre a nova unidade
Outras gestantes também compartilharam experiências negativas relacionadas à nova unidade. A professora Tatiane Oliveira da Silva, também servidora municipal, expressou seu desamparo ao chegar ao Hospital Saint Patrick com toda a documentação necessária e encontrar resistência em obter procedimentos previamente acordados, como a laqueadura. “Foi muito desgastante, no fim da gestação, passar por tanta desinformação para ter o seu filho”, afirmou.
Kelly Monteiro, outra professora que enfrentou a mudança, destacou que, caso não tivesse conseguido retornar ao HSPM, já estava decidida a procurar um hospital do SUS próximo de sua residência, pois acreditava que haveria mais acolhimento e tranquilidade. “Provavelmente, eu seria muito mais acolhida e teria muito mais tranquilidade do que lá”, ressaltou Kelly.
Justificativas para o fechamento
A maternidade do HSPM realizava, em média, 40 partos mensais. Um relatório institucional apontou aumento nas internações de idosos e em cirurgias eletivas, enquanto partos e procedimentos obstétricos apresentaram uma queda significativa, tornando a obstetrícia ociosa. O secretário municipal da Saúde, Luis Carlos Zamarco, mencionou que a decisão de transferir os partos para uma unidade terceirizada visa otimizar o uso dos espaços hospitalares. “Eu tinha 36 leitos na maternidade vazios o mês inteiro”, explicou Zamarco, enfatizando a necessidade de realocar esses recursos.
Zamarco garantiu que essa mudança foi pensada para melhorar o atendimento no HSPM e utilizar de forma mais eficiente os recursos destinados à saúde pública. “Essa mudança foi para melhorar o atendimento do Hospital do Servidor Público, otimizar o atendimento e utilizar melhor o recurso que o munícipe da cidade de São Paulo paga para ter uma saúde de qualidade”, declarou o secretário.
Reação a preocupações das gestantes
O secretário também abordou o curto prazo para a transição e afirmou que qualquer reclamação sobre o atendimento no Hospital Saint Patrick será investigada. “A partir do dia 1º [de agosto] não tem mais parto. Por isso que a gente fez um período de transição, explicando para as mães, passando essas informações, para as mães irem conhecer esse serviço”, comentou. Ele acrescentou que confia que, ao começarem a utilizar o novo serviço, as gestantes perceberão melhorias na qualidade do atendimento.
Em uma nota, a Secretaria Municipal da Saúde informou que Ludmila fará o parto no Hospital Saint Patrick com acompanhamento garantido e que o pré-natal continuará a ser realizado no HSPM. Em relação à distância até o novo hospital, a secretaria explicou que, durante o processo de licitação, não é possível determinar a localização da unidade, apenas que esteja dentro da cidade de São Paulo.
Com essa mudança, o futuro das gestantes atendidas no HSPM e na unidade terceirizada levanta questões sobre o acesso à saúde e a qualidade do atendimento, elementos essenciais em um momento delicado como o parto.