As distribuidoras de energia no Brasil estão reforçando seus investimentos e ajustando seus contratos diante de novas regras que visam maior sustentabilidade, eficiência e resiliência às redes elétricas. O processo de renovação contratual, que abrange 19 companhias com prazos até 2031, busca garantir a adaptação às demandas de modernização e aos desafios ambientais.
Investimentos e mudanças regulatórias na distribuição de energia
A previsão é que o setor de energia receba cerca de R$ 597 bilhões em investimentos até 2034, envolvendo geração, transmissão e distribuição, conforme informações do O Globo. Essas ações também incluem a digitalização de redes, aumento da capacidade de previsão de eventos climáticos extremos e estratégias para reduzir perdas por furto de energia, que chegaram a 17% em alguns setores em 2024.
Novo contexto para as empresas distribuidoras na era da eficiência
Contratos em fase de renovação e suas diretrizes
Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), atualmente há 19 companhias em processo de renovação contratual, com compromissos que encerram entre este ano e 2031. Essas renovações envolverão aditivos que preveem ações específicas para mitigar impactos de eventos climáticos, incluindo metas de eficiência e planos diferenciados para áreas com altos índices de furto de energia.
De acordo com especialistas, esses ajustes visam a manter a sustentabilidade financeira das distribuidoras e proporcionar maior participação dos consumidores na elaboração dos planos de ação, por meio de consultas públicas realizadas a cada ciclo tarifário de quatro anos.
Desafios e estratégias para a modernização do setor de energia
O desafio, avaliado por Bruna Correia, sócia de Energia do BMA Advogados, é a necessidade de uma nova estrutura tarifária que acompanhe as mudanças do setor, especialmente com o avanço da abertura do mercado livre e a digitalização de redes.
Empresas como Enel, EDP e Cemig destacam o aumento nos aportes para modernizar suas redes, fortalecer a resiliência contra eventos climáticos e combater perdas. A Enel, por exemplo, reforça o uso de tecnologia, monitoramento inteligente e podas preventivas, enquanto a Cemig pretende ampliar de 400 mil para mais de 1,5 milhão o número de medidores inteligentes até 2026.
Investimentos em tecnologia
O setor tem investido pesadamente em tecnologia para aumentar a resposta a emergências, melhorar a eficiência operacional e reduzir custos. Segundo Marcos Madureira, presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), o investimento total previsto até 2028 pode atingir R$ 145 bilhões, com quase 50% destinados à modernização e digitalização.
As melhorias incluem o desenvolvimento de redes inteligentes, uso de inteligência artificial para combate às fraudes, fortalecimento de ações preventivas e planos de contingência para eventos extremos, como tempestades e ondas de calor.
Perspectivas futuras e o papel do consumidor
Ao longo da próxima década, espera-se que o setor de distribuição transformações profundas na sua estrutura e operação. A crescente digitalização e o aumento do papel do consumidor, mais ativo e exigente, impulsionarão a evolução para sistemas mais inteligentes e eficientes.
A renovação de contratos, aliada às inovações tecnológicas e às ações estratégicas, busca assegurar a estabilidade financeira das distribuidoras e a confiabilidade do fornecimento de energia no Brasil, garantindo também o alinhamento às metas ambientais e econômicas do país.