Brasil, 1 de agosto de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Debate entre governadores revela divergências sobre crise Brasil-EUA

No segundo debate da série Diálogos, os governadores de Minas e Piauí discutem a crise entre Brasil e Estados Unidos e suas repercussões econômicas.

No segundo debate da série Diálogos, organizada pelo GLOBO nesta semana, os governadores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e do Piauí, Rafael Fonteles (PT), manifestaram divergências profundas sobre a crise entre Brasil e Estados Unidos. Ambos concordaram, no entanto, sobre os efeitos econômicos do tarifaço que repercute nas relações comerciais. Enquanto Zema, opositor do presidente Lula, criticou a postura do governo brasileiro em relação aos EUA, Fonteles defendeu a condução das negociações pelo atual governo.

Divergências entre os governantes

Durante o debate, Zema não poupou críticas ao ministro Alexandre de Moraes, afirmando que ele “paga pelo que plantou” e questionando a relação do Brasil com os Estados Unidos. Para o governador mineiro, Moraes atua de maneira contraditória, sendo “réu, juiz, acusador e testemunha”, o que, em sua visão, compromete a credibilidade do Judiciário. Em um tom provocativo, Zema se aventurou a questionar a participação do Brasil no BRICS, bloco que, segundo ele, ventilou preocupações em relação à administração de Donald Trump.

A postura sobre o BRICS

“Estar no BRICS para mim também é um problema. É um ‘Frankenstein’, um pedaço de boa parte do mundo que não tem nada em comum com o Brasil. Estar ali não reflete valores cristãos ou democráticos como o presidente Lula prega”, afirmou Zema, destacando sua insatisfação com a formação e a função do bloco.

Por outro lado, Rafael Fonteles, que é aliado do governo federal e presidente do Consórcio Nordeste, elogiou a maneira como a gestão de Lula está lidando com a crise econômica. “A postura do governo federal tem sido correta e tem gerado efeitos no curto prazo. O governo americano já recuou em 700 itens e adiou por mais sete dias o início do tarifaço”, enfatizou, ressaltando que a manutenção do diálogo é essencial sem a necessidade de subserviência.

Impactos econômicos e sociais

Os governadores também convergiram em algumas análises sobre as perdas econômicas devido ao tarifaço. Zema ressaltou que Minas Gerais, sendo um estado exportador, enfrenta grandes consequências, apesar de uma leve melhora após a exclusão de certos produtos da lista das tarifas aumentadas. “O café, por exemplo, continua com 50% de tarifas, e ainda é necessário monitorar o mercado americano para ver quais ajustes são feitos”, comentou. Para ajudar na situação, Zema anunciou um crédito emergencial de R$ 200 milhões para aliviar as perdas dos exportadores.

No caso do Piauí, Fonteles relatou que a dependência do mercado americano é menor, mas isso não diminui sua preocupação como presidente do Consórcio Nordeste. “Nossa base exportadora tem menos de 5% de mercado americano, enquanto a China representa mais de 65%. Entretanto, a situação pode afetar estados nordestinos que são fortemente comprometidos com a exportação para os EUA”, disse Fonteles.

Aspectos Políticos e Comerciais da Crise

Fonteles também expressou sua preocupação acerca da interseção entre política e comércio, afirmando que essa mistura é “desrespeitosa” tanto com o povo quanto com as instituições brasileiras. “Misturar um julgamento na Corte com tarifas comerciais é algo muito grave e revolta a maioria do povo brasileiro”, comentou, evidenciando o descontentamento em relação à maneira como a situação está sendo gerida.

Os debates em curso representam um espaço fundamental para o diálogo sobre questões críticas que afetam o país. Na segunda-feira, o primeiro encontro foi entre o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD), e o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD). O próximo encontro está agendado para ocorrer na sexta-feira, envolvendo o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), e o prefeito do Recife, João Campos (PSB), mediado pela colunista Vera Magalhães.

A troca de opiniões entre os governadores de Minas e Piauí ilustra as diferentes abordagens que podem ser tomadas para lidar com a crise atual e os desafios enfrentados pela economia brasileira no contexto internacional.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes