A crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos, concentrada nesta quarta-feira, mostrou certo avanço nas negociações, mas especialistas alertam que não há previsão de melhorias definitivas devido ao quadro de imprevisibilidade associado à gestão de Donald Trump. O cenário ainda é de cautela no governo brasileiro, que vê com reservas a possibilidade de uma resolução definitiva no curto prazo.
Reforço no diálogo diplomático e resposta de Trump
Um ponto de destaque foi o encontro entre o chanceler Mauro Vieira e o secretário de Estado americano, Marco Rubio, primeiro contato formal desde que o líder dos EUA assumiu o cargo. Segundo fontes do Palácio do Planalto, a retomada do diálogo indica que os canais diplomáticos estão reabrindo algum espaço, embora o conflito nadalente um momento de tensão e incerteza.
Adiamento da sobretaxa e estratégias de defesa brasileira
Na prática, a sobretaxa de 50% sobre as exportações brasileiras, originalmente prevista para entrar em vigor nesta sexta-feira, foi adiada por siete dias. Além disso, itens como aviões da Embraer e suco de laranja foram excluídos da medida, após esforços de diplomatas e empresários brasileiros para evitar uma politização maior da questão. Consultores envolvidos na negociação avaliam que a movimentação busca evitar uma escalada de hostilidades comerciais.
Em uma avaliação preliminar, interlocutores do governo brasileiro destacam que o adiamento e a exclusão de alguns produtos refletem a tentativa de reverter o clima de conflito e proteger interesses econômicos estratégicos, especialmente os setores de exportação brasileira.
Contexto político e reações internacionais
A origem do conflito está na carta enviada por Trump ao presidente Lula no dia 9, na qual o mandatário americano relacionou a política do Brasil com ações de perseguição ao ex-presidente Jair Bolsonaro, além de citar uma suposta superavitária bilateral que não condiz com a realidade. A resposta do Itamaraty foi rápida e contundente, devolvendo a correspondência na mesma hora por considerá-la inaceitável.
O ambiente tenso também se reflete na reação do mercado financeiro. A Embraer, que ficou de fora do tarifão, disparou até 10% na Bolsa e obteve um ganho de mais de R$ 4 bilhões em valor de mercado, demonstrando o impacto de uma possível ruptura nas relações comerciais.
Perspectivas e influência no cenário econômico
Integrantes do governo Lula avaliam que a situação é de alta incerteza, principalmente pela possibilidade de Trump continuar interferindo nas decisões do Judiciário brasileiro. Além disso, há apreensão com a tentativa dos EUA de ampliar seu acesso a minerais estratégicos, como lítio e nióbio, e a investigação das práticas comerciais do Brasil, que pode resultar em novas tarifas, inclusive no sistema de pagamentos instantâneos Pix.
Por outro lado, empresários brasileiros defendem a manutenção das exportações, argumentando que Brasil e EUA mantêm uma relação comercial baseada em produtos primários e insumos, além de investimentos bilaterais relevantes. Para eles, a relação de reciprocidade e interesses comuns deve prevalecer, mesmo em um contexto de disputa.
Impactos futuros e próximos passos
Segundo fontes do governo, o cenário ainda é de grande imprevisibilidade, embora haja o entendimento de que o diálogo diplomático foi aberto e, por ora, diluída a intensidade do conflito. O próximo passo será a implementação de medidas e negociações que possam estabilizar as relações, mas a expectativa é de que a gestão de Trump continue a influenciar fortemente essa dinâmica, mantendo o Brasil em posição de cautela.
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