Brasil, 1 de agosto de 2025
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Chinês é flagrado com mais de R$ 800 mil em ‘ouro bovino’ na Castelo Branco em Iaras

Um homem de nacionalidade chinesa foi flagrado com mais de R$ 800 mil em cálculo biliar bovino, chamado 'ouro bovino'.

Na Rodovia Castello Branco (SP-280), em Iaras, São Paulo, as autoridades policiais realizaram uma apreensão impressionante de mais de R$ 800 mil em ‘ouro bovino’, que na verdade se refere ao cálculo biliar de bois. Um homem de nacionalidade chinesa transportava o material, que é altamente valorizado no mercado internacional. Para compreender melhor essa situação peculiar, conversamos com um especialista na área agropecuária, que explicou o que é esse material e por que ele é tão raro e valioso.

O que é o ‘ouro bovino’?

O ‘ouro bovino’ nada mais é do que cálculos biliares, ou pedras que se formam na vesícula biliar dos bois. Seu nome popular deriva do elevado valor comercial, que pode atingir até R$ 300 mil por quilo. O médico veterinário Walter de Oliveira Graça Júnior, um técnico agropecuário da região de Itapetininga, esclarece que esses cálculos são formados por uma combinação de colesterol, bilirrubina e sais que se acumulam e solidificam ao longo dos anos no organismo do animal.

Por que é tão raro?

A raridade do cálculo biliar é diretamente influenciada pela maneira como o gado é criado no Brasil. As exigências do mercado consumidor levam a pecuária nacional a priorizar o abate precoce de bovinos, ou seja, o abate de animais jovens, o que diminui significativamente a possibilidade do desenvolvimento de cálculos biliares. “Para atender à demanda por carne, os bois são abatidos cada vez mais cedo. Isso reduz muito a chance de se desenvolver um cálculo biliar, que depende de tempo e condições específicas de saúde do animal,” explica Walter.

Como contexto, o especialista menciona que, em média, a cada 100 vacas criadas, apenas duas podem apresentar essas pedras. Muitas vezes, elas são pequenas, variando entre 1 e 5 centímetros. Essa raridade é o que torna o cálculo biliar altamente valorizado. No mercado asiático, o quilo pode custar entre R$ 100 mil e R$ 300 mil, dependendo da qualidade e pureza do material. Para efeito de comparação, o Brasil produziu cerca de 2 mil quilos por ano, mas isso requer o abate de milhares de animais — em média, dois mil bois são necessários para se conseguir um quilo desse material.

Para que serve o ‘ouro bovino’?

As pedras de fel são utilizadas principalmente na medicina tradicional chinesa, com registros de mais de 2 mil anos de uso. Na Ásia, esse material é empregado na fabricação de medicamentos voltados para o tratamento de distúrbios neurológicos e convulsões, além de ser utilizado na confecção de amuletos e outros produtos.

No entanto, no Brasil, a eficácia dessas substâncias não é reconhecida, e seu uso não é regulamentado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Isso levanta questões acerca da legitimidade e segurança de sua comercialização.

Existe um mercado legal?

Embora a venda de cálculos biliares não seja necessariamente ilegal, a comercialização ocorre, na maioria das vezes, fora dos canais oficiais, sem a devida fiscalização sanitária ou pagamento de impostos. Muitas vezes, esses produtos são exportados clandestinamente, o que suscita preocupações sobre a segurança e a legalidade do comércio.

“Não é proibido vender, mas é um mercado informal. Algumas extrações são feitas em frigoríficos por pessoas que ocultam o material e o comercializam de forma clandestina, com suspeitas de exportação sem controle,” afirma o veterinário. A apreensão realizada na rodovia foi um alerta para as autoridades sobre a necessidade de uma atuação mais rigorosa neste setor.

Com o aumento da demanda por produtos exóticos e valiosos, o caso do ‘ouro bovino’ não é um episódio isolado, mas um reflexo de um mercado que precisa de mais atenção e regulamentação. Assim, é fundamental que a sociedade e as autoridades estejam atentas a esse tipo de atividade, garantindo a preservação da saúde pública e a legalidade das operações comerciais.

Para mais detalhes sobre essa e outras notícias, continue acompanhando o g1 Itapetininga e Região.

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