Brasil, 1 de agosto de 2025
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Angra 3: novo estudo pode definir futuro da usina nuclear no Brasil

A usina de Angra 3, em Angra dos Reis, passará por uma nova avaliação técnica e econômica para decidir sua continuidade ou encerramento

A construção da usina nuclear de Angra 3, na cidade de Angra dos Reis, no sul do Rio de Janeiro, permanece suspensa enquanto aguarda uma nova análise de viabilidade. Apesar de já estar com aproximadamente dois terços das obras físicas concluídos, o projeto dependerá de um estudo detalhado realizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), segundo informou a Eletronuclear. A decisão final sobre o empreendimento só será tomada após essa avaliação, que considerará o cenário financeiro, técnico e jurídico.

Novas avaliações e mudança na responsabilidade

A avaliação renovada do projeto foi determinada após um acordo firmado no início deste ano entre o governo federal e a Eletrobras, antiga responsável pela obra. Com a privatização da estatal, durante a presidência de Jair Bolsonaro, o governo entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) buscando mais assentos no Conselho de Administração da Eletrobras, na qual detém 40% das ações. Como parte do acordo, o governo garantiu três cadeiras no conselho, enquanto a Eletrobras deixou de ter a obrigação de aportar recursos para Angra 3.

Segundo a Eletronuclear, o novo estudo que será conduzido pelo BNDES vai “reavaliar a viabilidade do projeto de Angra 3, considerando o cenário de negociação entre Eletrobras e Governo Federal”.

Custos, investimentos e obstáculos

Um estudo realizado no ano passado indicava que concluir Angra 3 exigiria cerca de R$ 23 bilhões. Em contrapartida, desistir do projeto implicaria em perdas de aproximadamente R$ 21 bilhões. Estima-se que, até o momento, mais de R$ 12 bilhões tenham sido gastos na obra. Essa alta despesa é o principal entrave para o governo decidir pelo prosseguimento, pois o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), composto por diversos ministérios, ainda discute o futuro da usina sem chegar a um consenso.

Construção e manutenção em andamento

Apesar da indefinição, a obra física de Angra 3 permanece parada desde 2015, após escândalos de corrupção revelados pela Operação Lava-Jato. O canteiro de obras, que já está há 40 anos em construção, mantém em seus galpões um estoque de 12 mil volumes de maquinário e peças, alguns embalados a vácuo, que podem ser utilizados na finalização, caso o projeto seja retomado.

Enquanto isso, a unidade de Angra 1, que iniciou suas operações em 1985 com uma licença de 40 anos, recebeu autorização para operar por mais 20 anos, após uma manutenção e modernização completadas recentemente. Angra 2, por sua vez, também passou por ajustes e mantém sua operação para atender cerca de 4,5 milhões de habitantes, além de gerar cerca de 70% do consumo de energia do Estado do Rio de Janeiro.

Perspectivas futuras e segurança energética

Especialistas e o próprio governo consideram Angra 3 fundamental para a segurança energética do país. A usina poderia suprir a demanda de aproximadamente 4,5 milhões de habitantes e cumprir uma importante função na matriz de energia, principalmente em momentos de pico de consumo. Com fontes renováveis como solar e eólica ganhando espaço, a energia nuclear é vista ainda mais como uma alternativa segura e de base para o sistema energético brasileiro.

No entanto, o momento de indefinição mundial também influencia o setor nuclear nacional, especialmente após o acidente em Fukushima, no Japão, em 2011. Além dos desafios internos, o Brasil enfrenta dificuldades relacionadas à retomada da construção de Angra 3, incluindo questões financeiras, de tecnologia e de credibilidade do setor.

A Eletronuclear, controlada pela Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar), já busca formas de avançar. Uma consulta pública foi aberta no ano passado, visando avaliar o interesse do mercado na conclusão da obra, com possibilidade de contratação por meio de uma licitação do tipo EPC, que reúne Engenharia, Aquisição e Construção.

Se o governo optar por concluir Angra 3, a retomada das trabalhos poderá ocorrer a partir de 2026, com construção a pleno vapor. Ainda há o questionamento sobre a participação do setor privado, já que a estatal tenta levantar até 90% dos recursos necessários por meio de parcerias e linhas de crédito.

Para o momento, o futuro de Angra 3 permanece incerto, mas sua importância para o país, em termos de segurança energética e de complementação na matriz nuclear, mantém o debate vivo entre autoridades, setor privado e especialistas.

Fonte: O Globo

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