O mês de julho foi marcado por acalorados debates nas redes sociais brasileiras, e o nome do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, despontou como o mais mencionado na internet. Um levantamento da consultoria Arquimedes revela que Moraes esteve presente em mais de 4,27 milhões de publicações, escritas por mais de 329 mil perfis únicos. Este fenômeno coincide com a sanção imposta pelo presidente americano Donald Trump, anunciada no dia 9 de julho, que intensificou os debates sobre liberdade de expressão e soberania.
A repercussão da sanção de Trump
A sanção de Trump contra Moraes foi reprovada em 60% das postagens, mostrando a polarização nas reações. A questão não se limitou a grupos organizados, mas atingiu uma grande diversidade de usuários nas redes sociais. Influenciadores digitais, como Felipe Neto, geraram grande engajamento com conteúdos que abordavam, de forma irônica, as consequências políticas da sanção.
Além disso, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, também foi um dos que disseminaram postagens sobre o caso, ressaltando a dimensão internacional do conflito. A tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, que Trump anunciou na mesma data, aprofundou ainda mais o embate entre as duas nações.
Uma questão de soberania e liberdade de expressão
Segundo a Arquimedes, as manifestações públicas de apoio a Moraes ajudaram a transformar a sanção em um ponto de convergência entre a defesa da soberania nacional e debates sobre a liberdade de expressão. A lei Magnitsky, que permite a imposição de sanções sem necessidade de condenação judicial, foi amplamente discutida, coletando 1,28 milhão de menções nas redes sociais durante o mês.
A narrativa que emergiu dessa discussão girou em torno da falta de legitimidade para a aplicação da lei a um juiz de um país soberano. Aproximadamente dois terços das manifestações foram críticas à sanção, enquanto um terço a apoiou, destacando a polarização dos pontos de vista.
Impactos econômicos e o tarifaço de Trump
O levantamento também identificou que o tarifaço de Trump gerou um segundo pico de discussão, com 2,15 milhões de menções nas redes sociais entre os dias 9 e 13 de julho, polarizando as opiniões, especialmente entre economistas e políticos. A crítica ao protecionismo dos Estados Unidos se tornou predominante, e o deputado federal Guilherme Boulos foi um dos que se manifestaram incisivamente contra a retaliação comercial.
Enquanto isso, o debate sobre o sistema de pagamentos brasileiro, o Pix, surgiu como um tema que, embora não tenha gerado tantas menções quanto Moraes, mobilizou um número significativo de usuários – mais de 306 mil. O sentimento de orgulho tecnológico e a defesa da inovação nacional foram os principais fatores que sustentaram essa discussão.
A resposta governista ao ambiente digital
A Arquimedes concluiu que a base governista obteve uma mobilização mais eficaz nas redes sociais ao responder aos ataques promovidos por Trump, conseguindo expandir seus argumentos além de seus apoiadores. Em contrapartida, a oposição se mostrou fragmentada em suas reações, com exceção dos debates em torno do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), onde unificou críticas ao que foi visto como um aumento injustificado de impostos.
Os dados indicam que as discussões sobre Moraes e a lei Magnitsky não apenas dominaram o debate público, mas também serviram como um cenário de disputas simbólicas e políticas em um contexto mais amplo, envolvendo temas de soberania, economia e direitos civis.
Em meio a essa complexidade, as redes sociais brasileiras se tornaram um campo de disputa crucial, onde as opiniões e argumentos foram trocados em um ambiente cada vez mais polarizado. A situação atual deixa claro que a intersecção entre política interna e relações internacionais continua a gerar debates intensos e significativos entre os brasileiros.