O governo dos Estados Unidos anunciou nesta quarta-feira um projeto que permitirá aos americanos compartilhar seus registros médicos por meio de aplicativos gerenciados por grandes empresas de tecnologia. A iniciativa busca facilitar o acesso às informações em um sistema de saúde fragmentado, mas tem causado receio entre especialistas em privacidade digital.
Desenvolvimento de uma nova rede digital de saúde
Segundo o governo, mais de 60 empresas de tecnologia e saúde, incluindo Amazon, Apple, Google e OpenAI, comprometeram-se a contribuir para criar um ecossistema digital que melhore o acompanhamento dos pacientes, reduza a carga sobre os profissionais de saúde e promova maior valor no atendimento. A medida foi anunciada durante evento no Salão Leste da Casa Branca pelo presidente Donald Trump.
“Por décadas, as redes de saúde dos EUA ficaram defasadas em relação à tecnologia. É hora de modernizar esse sistema”, afirmou Trump na ocasião. Essas ações visam permitir uma troca mais rápida e segura de informações e oferecer ferramentas personalizadas, como aplicativos específicos para diabetes e obesidade, além de assistentes de IA para auxiliar os pacientes. Também estão na mira substituição de formulários em papel por opções digitais de cadastro.
Foco na inovação e na privacidade
O projeto reforça a estratégia do governo de integrar tecnologias avançadas na saúde. O secretário de Saúde, Robert F. Kennedy Jr., destacou em audiência recente que wearables, como relógios inteligentes, podem revolucionar o setor de saúde, com previsão de que, em quatro anos, todos os americanos utilizem esse tipo de dispositivo.
No entanto, o anúncio foi recebido com ceticismo por especialistas em privacidade. Andrew Crawford, do Center for Democracy and Technology, manifestou preocupação quanto à forma como os dados serão coletados, utilizados e compartilhados pelas empresas envolvidas, especialmente por não serem todas cobertas pela Lei de Portabilidade e Responsabilidade de Seguros de Saúde (HIPAA), que regula a proteção de informações médicas.
Preocupações e desafios de segurança
Crawford alerta que, caso informações de pacientes sejam utilizadas além do propósito de atendimento — por exemplo, para publicidade direcionada — isso representaria uma violação de privacidade. “Precisamos saber exatamente como os dados serão tratados, quais limites terão, e se os pacientes serão adequadamente informados sobre suas informações pessoais”, explicou.
Próximos passos e impacto
O governo pretende publicar nas próximas semanas uma medida provisória detalhando as regras do sistema. A expectativa é que as plataformas estejam operacionais ainda em 2025, com esforços contínuos para ampliar a segurança e a transparência na troca de informações de saúde.